terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O VERDADEIRO ESPÍRITO NATALINO

O mundo, talvez em alusão metafórica aos seus constantes movimentos, permite-se aflorar a sua dinamicidade. Ele está em perpétua mudança, como se tivesse vida própria, assim como as relações sociais observadas no dia-a-dia. Pessoas debatem, discutem, dialogam, brigam, tentam durante todo o tempo impor suas opiniões e forçar em outrem a aceitação de suas ideologias. Porém, todo esse processo sofre uma pausa quando o tão aguardado Natal se aproxima. Ah! o Natal! Momento sublime de carinho, afeição e amor de um ser humano para com o outro. Momento de reflexão, de se ajudar criancinhas que passam fome e moram na rua. Momento de se celebrar um marco histórico: o nascimento de Jesus Cristo. Em tese.  

Essa data tão especial chega acompanhada de uma característica muito marcante da humanidade: a falta de responsabilidade. O homem não se responsabiliza pela fome no mundo, ou pelo esgotamento de recursos naturais, ou pela violência desenfreada, ou pela desigualdade social. Nós temos a terrível e insalubre mania de não assumirmos culpa por nossos atos, pois agimos sem critérios ou escrúpulos quando o nosso interesse está em jogo e o nosso ego está à prova.

Foi exatamente isso que eu vi nesse Natal, pessoas comemorando de um jeito muito estranho o nascimento daquele que dividiria a história. Bêbados passeando pelas ruas, dirigindo. Homens e mulheres discutindo e se xingando mutuamente. Nem mesmo o tão comentado espírito natalino é capaz de superar o egoísmo humano. Aliás, supera até o momento em que alguma coisa foge do script, produzido de acordo com os interesses de cada um. Onde está o amor ensinado pelo aniversariante? Resume-se a um breve momento de reflexão - que dificilmente se concretiza em mudanças de posturas e atitudes - e troca de presentes que só servem para movimentar a máquina de poder e dinheiro chamada capitalismo. Não creio que seja essa a melhor maneira de se comemorar o aniversário do ser mais bondoso, amoroso e altruísta que já existiu.

Jesus sequer nasceu nesse período do ano, conforme apontam alguns relatos históricos. Segundo esses relatos, Ele teria nascido no período mais quente do ano em Belém, que seria de Julho a Setembro no nosso calendário. A atual data de comemoração (vinte e cinco de Dezembro) teria sido imposta pela Igreja com o objetivo de adaptação a uma festividade pagã existente nesse período do ano, visando uma lucratividade maior com a junção de duas culturas numa mesma celebração: o nascimento de Jesus com a existência do Papai Noel, a troca de presentes, etc.. Assim, praticantes de várias religiões poderiam gerar lucros ao mesmo tempo para o Estado, o que significava, à época, mais riqueza para a Igreja.

Infelizmente, a história desse planeta é feita, em boa parte, pela defesa de interesses em benefício dos poderosos. Ao invés de distribuírem-se alimentos num dia do ano, faça-se uma reforma estrutural da sociedade. Assim, os que são vítimas da fome no mundo - cerca de um bilhão de habitantes - deixariam de sofrer. Dados da ONU comprovam que uma fusão das economias dos países ricos e emergentes sanaria esse problema. Só o dinheiro gasto na guerra do Iraque já seria suficiente.

Enfim, o que eu vejo no Natal é uma oportunidade de redenção. Independentemente de datas ou fatos históricos, torço pela perpetuação de um sentimento mais humanitário, que dure o ano todo. Torço pela conscientização do seu verdadeiro sentido: o surgimento Daquele que veio para mudar o rumo do planeta e da vida de quem assim o quiser. Torço para que se siga o exemplo Dele de amor, sem a relevância de religiões, crenças ou opiniões. Torço por uma humanidade mais justa, menos desigual. Torço pela conservação da vida.

E você?

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

PERDAS E REPAROS

Resta-me a lembrança
Do que perdi, do que deixei.
Consola-me a esperança
De ver acontecer o que sonhei.

O medo de cair
Me fez por muito tempo
Andar sem sentir.
O medo de tentar
Me fez caminhar
Sem saber o que é amar.

Lembranças vazias
Preenchem o espaço que há 
Dentro de mim.
Suas mãos tão frias
Sinto virem me tocar
Na noite sem fim.

Hoje o que eu quero,
Que a felicidade traga o que esqueci.
Tempos de esmeros
Que espero reviver e, enfim, sorrir.

TEXTO RETIRADO DO DIÁRIO DA MINHA MENTE

Vinte e dois de Dezembro. Faz tempo que não produzo nada. O vestibular está sugando todo o meu tempo, a minha energia e o meu vigor - além de me arrancar um tanto de cabelo e me fazer perder outro tanto de unha. Mudanças vieram e agitaram o "pacato" mundo das provas de ingresso em universidades públicas. Nós, vestibulandos, tivemos aproximadamente de 5 a 7 meses para nos adaptarmos a uma fórmula totalmente nova de aplicação de provas. E, como se não bastasse, a desorganização mais uma vez imperou no governo brasileiro. Prova anulada, outras, por conta disso, adiadas, gabarito com erros, incerteza na divulgação de resultados. Milhões de estudantes sendo prejudicados por conta de medidas impensadas, descabidas e de interesse político devido às eleições que ocorrerão no ano vindouro. O cenário descrito é o vigente há muito tempo no Brasil: interesse, manipulação, ludibriação.

Mas não quero falar sobre política, quero falar sobre mim, sobre o que estou sentindo nesse momento tão decisório da minha vida. É a terceira vez que presto vestibular. Quero medicina. O fardo da dúvida da aprovação e da certeza de que não terei outra chance está me matando. Meus pais, que sempre se esforçaram em pagar bons colégios para mim, foram decepcionados duas vezes, e eu não gostaria de decepcioná-los novamente. Cerca-me durante todo o tempo a dor do arrependimento. Arrependo-me de não ter me esforçado mais antes, de deixar tudo para depois, de ser tão irresponsável algumas vezes, de não ter crescido antes.

Porém, mesmo sendo clichê, sei que tudo na vida tem um tempo certo de acontecer. O que me deixa preocupado é saber que, às vezes, deixamos o tempo certo passar devido à nossa falta de interesse, vontade e comprometimento. Mas não vai acontecer de novo. Um ano bom me espera, eu sei disso.

Enquanto espero faço o bom acontecer, busco viver em paz e deixar que o tempo me traga os sonhos. Mas é impossível não se preocupar.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

QUINTA-FEIRA MUSICAL #7

A música pela música, pela arte e para você. Deleite-se!







Essa quinta-feira será especial. Overdose musical.


Navegando pelo youtube a procurar mais uma beleza em forma de acordes para postar aqui, cheguei a um vídeo do Ed Motta, de quem sofro grande influência musical. Comecei, então a navegar pelos vídeos dele. Se tem alguém que canta muito e tem uma criatividade imensa no cenário musical brasileiro, esse alguém se chama Ed Motta. Uma voz incrível, técnica impressionante e arranjos magníficos. Por isso, não consegui decidir qual vídeo colocar. Decidi colocar os três.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

VERBETES

Verbalizar
Pensar, Falar, Expor, Compor
Amar
Correr, Voar, Imaginar, Criar
Sentir
Entregar, Experimentar, Tocar, Guardar
Sofrer
Pedir, Marcar, Lutar, Chorar
Viver
Verbalizar, Amar, Sentir, Sofrer

QUINTA-FEIRA MUSICAL #6

A música pela música, pela arte e para você. Deleite-se!



Quando eu criei este blog, eu prometi a mim mesmo que não confundiria as coisas, que não misturaria a minha opção religiosa (o evangelho) com o que escrevo sobre política,etc. Porém, agora que eu posto músicas e me expandi nas artes abordadas nesse blog, eu não posso ignorar as minhas influências, mesmo porque música é música independentemente de religião ou crença. Esse arranjo feito por essa dupla "Baixo e Voz" para um clássico da música cristã é uma obra prima. Eu passaria o dia todo ouvindo essa música.

Não deixem de dar suas opiniões.

sábado, 21 de novembro de 2009

ERA UMA VEZ AS ÁGUIAS, OS NERVOS DE AÇO E A MENINA (Por: Ana Carolina)

Era uma vez uma menina...
Uma menina...?
Não...ela não era uma menina, de fato,
Nem sei o que ela era...horas era uma doce mulher,
Horas era uma atroz criança...
Essa menina criava águias no porão
E tinha os nervos de aço.
Ela vivia um romance que
Parecia mais com um filme de terror,
Mas, ela nem se importava com isso
Porque ela vivia mais nos seus sonhos
Do que na sua realidade, aliás,
Esses sonhos algumas vezes eram tão confusos
Quanto a personalidade desta
Adorável e repugnante menina...
Uma flauta doce que emitia sons graves...
Umas árvores cujas folhas eram azul turquesa...
Um pássaro que no lugar de bico,
Tinha mesmo era uma boca cheia de dentes...
E ela se importava com isso,
Sim...Ela se importava com seus sonhos,
Porque para ela, aqueles sonhos eram sua realidade
E ela os amava tanto que às vezes
Queria arrancá-los à força de seu pensamento....
Mas, um dia essa menina se perdeu em seus pensamentos...
Uma inescrupulosa ferrugem tomou
Conta de seus nervos de aço e as
Águias do porão queriam voar
E nem se quer se lembravam da menina
Que as alimentavam com fragmentos de realidade...


Criado por: Ana Carolina às 21:15 de 21 de Novembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

VOLTANDO A VIVER

Vejo entendido em meus anseios
A sábia loucura dos meus medos
Na esperança do fim do meu desespero
Encontro alívio em seus chamegos

Um sorriso que se me dá
Um abraço a me acalmar
Uma voz a sussurrar
Meu manancial o seu olhar

O mundo me sorriu
O sonho a mim se abriu
E se viver só é possível ao amar
Quero que seja a razão de eu ainda lutar

terça-feira, 17 de novembro de 2009

VIVER(:), SONHAR, SENTIR

Hoje é meu aniversário. Parabéns para mim. Lembro-me de que agora me resta um ano a menos. Lembro-me, também, de todos os momentos que se passaram, simplesmente. Lembro-me de todos os momentos em que tive medo. Medo das respostas, medo dos riscos, medo de mim mesmo, medo de que a vida se tornasse lúgubre demais antes das minhas realizações. Tinha medo de viver, mas viver na sua plenitude. O tempo é como uma lança que nos atravessa e leva consigo o fôlego renovador de vida que há em viver, mas ele pode se tornar a nossa passagem às estrelas quando não nos permitimos ao desperdício. Muitas lembranças felizes também rodeiam os meus pensamentos. Já fui às estrelas algumas vezes, mas o medo da solidão do espaço me fez voltar, pois nunca fui com quem eu queria estar.

Mesmo assim, não tenho o direito de reclamar da minha vida. Apesar dos arrependimentos, fui (e sou) cercado por amor, proveniente de uma família atenciosa e carinhosa, que tem suas dificuldades, passa por situações adversas, mas nunca deixa de acreditar que eu posso ter um futuro e uma vida melhor do que eles um dia imaginaram que teriam. Por isso agradeço a papai, por todas as vezes que ele colocou a língua para fora, assim entre os dentes, e ameaçou me dar uns tapas, mas nunca teve coragem para fazê-lo, pois me amava demais. Também a mamãe, pois nunca precisou colocar a língua para fora para me dar uma surra santa, ela fazia e ponto. Sem rodeios, sem remorso. As havaianas de casa não eram de pau, mas eram voadoras. Não adiantava eu correr pela casa, as havaianas vinham atrás de mim. Mamãe nunca deu ponto sem nó. Se hoje sou o homem que sou, sei discernir o certo e o errado, consigo pensar antes de agir (mesmo que fazer isso sempre seja impossível), devo isso à minha criação, às surras que mamãe me deu e às horas e horas que papai ficava falando e falando quando eu fazia algo errado (era pior que uma surra). Agradeço a Deus por colocar na minha vida uma família como essa.

Tenho também algumas saudades. Meus avós que partiram, meus amigos que já não tenho contato, minha cidade da infância. A saudade às vezes me faz querer desistir, mas sei que tudo tem uma razão para acontecer e um sentido em existir.

Devido a tudo isso, hoje eu me permito voar. Quero que os anos que virão sejam os melhores que eu já tive. Quero não só alcançar as estrelas, mas que elas sejam minha moradia. Quero viver com riscos e sem medos. Quero sonhar com o melhor, com ela nos meus braços. Quero experimentar os sentimentos da vida, e não só passar por ela. Quero a felicidade.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

QUINTA-FEIRA MUSICAL #5

A música pela música, pela arte e para você. Deleite-se!



Maria Bethania interpreta maravilhosamente bem uma poesia igualmente maravilhosa. A quantidade de antíteses é interessante pois retrata bem os conflitos que nós vivemos para alcançar nossos sonhos. Muito bom!
BlogBlogs.Com.Br

terça-feira, 10 de novembro de 2009

DESTRUIÇÃO DO MUNDO DE SOFIA

"Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia", já diria Shakespeare. Eu já digo que hoje há mais filosofia entre o céu e a terra do que supõem as nossas vãs coisas. O homem mune-se constantemente de aparelhos com tecnologia "hi-tech", "hi-definition", "hi-lander"; computadores, carros, "carros-computadores", "computadores-carros", e mesmo assim continua buscando um sentido lógico para o fim da vida e uma justificativa sensata para o início dela. Os filósofos, pensadores e cientistas até que tentaram, cada um à sua época, provar suas teorias sobre algo que está muito além do alcance da sabedoria humana, simplesmente. Definir-se como materialista ou imaterialista ainda é muito pouco defronte à imensidão de dúvidas e questionamentos da humanidade. O maquinário e o arsenal listados no nosso inventário só foram recursos para o nosso regresso - vide Hiroshima e Nagasaki. Descobertas científicas foram apenas comprovações da nossa ignorância quanto ao que há fora da nossa redoma de vidro, que, extraordinariamente, é feito de água, terra, fogo, ar e dióxido de carbono, muito dióxido de carbono. Estúpida ignorância!

Está formado assim o nosso ciclo vicioso. Somos ignorantes. Fato! Por isso buscamos o conhecimento. Por isso inventamos máquinas. Para isso acabamos com a água, a terra, o fogo, o ar e aumentamos, em proporções astronômicas, o tal dióxido de carbono. Por isso estamos fadados à morte. Devido a isso revela-se a nossa ignorância. Por isso buscamos o conhecimento...

Onde nós iremos parar? Pergunta clichê, não?! Porém, se é clichê é recorrente. Se é recorrente, ainda não tem resposta. O meu cilindro não é como o de Crisopo e a minha bola não é de cristal (nenhuma das duas). Uma coisa, porém, posso afirmar: enquanto nos preocuparmos em sermos fortes contruindo castelos em areia para, hipocritamente, sermos melhores do que os outros e tentarmos nos defender de nós mesmos atacando o mundo, a vida continuará sem sentido e sem entusiasmo de ser vivida. Enquanto nos importarmos apenas conosco e com as nossas "coisas", a afinidade ao conhecimento só nos encaminhará mais rápido à destruição.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

QUINTA-FEIRA MUSICAL #4

A música pela música, pela arte e para você. Deleite-se!



Eu simplesmente fico sem palavras quando ouço o timbre inconfundível e maravilhoso de Elis Regina cantando uma poesia linda como a de "O Bêbado e A Equilibrista". Todos nós, brasileiros, temos um tanto de bêbados que têm de se equilibrar para poder viver nessa terra de sonhos, esperanças e bordéis, dos quais a lua é a dona. E há luas em abundância no Brasil. Mas nós nos equilibramos. Elis Regina é maravilhosa! Deleitem-se! E não esqueçam de comentar.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

QUINTA-FEIRA MUSICAL #3

A música pela música, pelas artes e para você. Deleite-se!



A postagem está sendo feita na sexta, mas continua sendo quinta-feira musical.

Para quem gosta de música bem tocada, aconselho que se ouça jazz. Arranjos muito bem elaborados, com composições exóticas, coisas que não se veem em qualquer lugar. Marcus Miller, uma das minhas maiores referências como baixista que sou, é um desses que não impõem limites às suas criações. O baixo na mão dele parece um brinquedo na mão de uma criança. Sentimento à flor da pele. Excelente!

Não esqueçam de dar suas opiniões. Elas são de extrema importância para a melhoria deste blog.

sábado, 24 de outubro de 2009

MEU UNIVERSO

Meu céu hoje está sem estrelas
Meu sol se escondeu de mim
E a lua sucumbiu à dependência

Eu olho para o alto mas já não vejo
Onde perdi o ímpeto dos meus desejos
Meu planeta já não tem mais órbita
E minha angústia é como um universo vazio

Mas a noite em que estou acabará
Tua presença em minha vida conspirará
A fazer retornar ao meu céu
As estrelas, o Sol e o Luar
Cujas ausências fizeram-me esquecer
Da clareza que há em amar

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

QUINTA-FEIRA MUSICAL #2

A música pela música, pelas artes e para você. Deleite-se!



É impressionante como a música consegue transmitir sentimentos e despertar os nossos sem dizer sequer uma palavra. Herbie Hancock está aí para provar! Jazz clássico da melhor qualidade. Lindo!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

FELIZ CIDADE

Ultimamente, muitas indagações embaraçosas de ordem filosófica têm preenchido meus pensamentos. Ontem me ocorreu o seguinte: “o que é a felicidade?”. Pensamentos sem-vergonhas os meus! Como responder a isso? Recorri ao “pai dos inteligentes”, o Aurélio. Há três definições lá. Se nem o dicionário soube ter exatidão ao definir algo, quem sou eu para fazê-lo? Cheguei a uma conclusão simples, imaginável e até meio óbvia. A felicidade é indefinível e incomensurável até o momento em que a vivenciamos e cada um a vivencia de maneiras distintas, dependendo das suas realidades, ambições e expectativas.

Depois de formulada minha conclusão, comecei a refletir sobre a minha realidade, minhas ambições e minhas expectativas. Cheguei a uma outra conclusão: esses três aspectos são frutos do desfecho deles mesmos em épocas passadas. Comecei a lembrar-me então da minha infância. Naquele tempo, sim, era-se “feliz”. A minha realidade era uma eterna e infinda imaginação. Minha ambição era conseguir o máximo de bolas de gude que pudesse. Minha expectativa era que mamãe me deixasse uma hora a mais na minha brincadeira eternal. Hoje minha realidade é mais dura. Minhas ambições são mais árduas. Minhas expectativas parecem mais impossíveis.

Quando me deparo com a realidade em que vivo, lembro-me de uma das definições do Aurélio para felicidade: “bom êxito; êxito, sucesso”. Nesse momento eu me pergunto: “êxito em quê? E o que é sucesso?”. A vida é composta por tantas lutas e desafios - e temos tantos fracassos – que se torna difícil dizer que a felicidade é um estado permanente. Ela é apenas uma premiação sentimental intrapessoal. Um indivíduo se premia de alegria quando obtém êxito ou sucesso em suas investidas. Por isso, mais uma vez eu digo que era “feliz” na minha infância. Sempre quando eu era um pirata eu tinha êxito na minha missão. Quando eu era policial, nenhum bandido era páreo para mim. Quando eu era político, eu virava presidente muito rápido, acabava com toda a miséria e a pobreza, fazia reforma agrária, distribuía a renda e todos gostavam de mim. É perceptível que vivemos de um modo bem diferente de quando eu era uma criança se divertindo na cidade de Nova Iguaçu.

A política hoje é um pouco mais complicada do que uma brincadeira de criança. Conquanto ainda haja dinossauros no poder – e, para ele a política é uma brincadeira, pois faz os cidadãos de palhaços – fazer política é muito mais do que fazer dinheiro e construir imagem. Será que ele é feliz? Ora, está desde 1954 iserido na esfera política, já foi presidente e hoje é um senador presidente da câmara rico, com sua família muito bem empregada. Pode-se dizer que ele obteve êxito e que suas ambições e expectativas foram alcançadas, não importa a que custo. É exatamente esse o problema – não só dos políticos como de boa parte da população. Eu me pergunto se ele, bem como vários outros políticos, pode deitar-se à noite tranqüilo pelo dever cumprido daqueles que se dizem “pelo povo”. Questiono se realmente realizam o exercício pleno de sua função, que é trabalhar pelo bem-estar e interesse geral da população. O verdadeiro êxito e sucesso de um ser estão na satisfação do dever cumprido, do trabalho bem feito e não no crescimento pessoal da conta bancária e do prestígio social independente de quem se prejudique.

No Brasil, muita gente se prejudica por causa de algumas atitudes governamentais. Tenha-se em vista os números absurdos de miséria e fome que há em nosso país. Deixe, por um momento, sua ideologia de direita, esquerda, neoliberal, socialista, etc. de lado e julgue simplesmente se é justo uns terem tantas terras, tanto dinheiro, tanta comida para a família e para o poodle do apartamento enquanto há muitos que sobrevivem sem ter onde morar ou o que comer. É justa a “felicidade” à custa da tristeza de muitos outros?

Num mundo tão injusto e de constante degradação da espécie humana, creio que, fora o argumento dos religiosos (o mais coerente), não existe felicidade plena. Gostaria de voltar no tempo e resgatar a alegria de viver, esquecida naquela feliz cidade da minha infância, presente em algum lugar dentro de mim mesmo (e cada um tem a sua). É essa impossibilidade que faz a minha cidade ser como Atlântida, afundada pelas águas de egoísmo e pessimismo engendrados na sociedade.

sábado, 17 de outubro de 2009

MUDANÇAS FAZEM PARTE DA VIDA

Resolvi mudar tudo aqui no blog. Espero que tenham gostado e espero também continuar agradando aos leitores e seguidores. Espero também as suas opiniões sobre o que vê para que eu possa sempre melhorar.


Obrigado!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

QUINTA-FEIRA MUSICAL

A música pela música, pelas artes e para você. Deleite-se!




O Teatro Mágico é uma banda independente que mistura em suas músicas vários tipos de arte, como música, poesia e teatro. É desse tipo de coisa que o Brasil precisa, artistas que não têm limites ao explorar as suas capacidades artísticas. E que música maravilhosa! Harmonia perfeita, arranjos muito bem elaborados e uma letra poética, embutida de muitas metáforas e riqueza literária.

O Teatro Mágico senhoras e senhores, o primeiro participante dessa nova coluna do blog!
Não deixe de mostrar sua opinião.

sábado, 10 de outubro de 2009

ESPERANÇA NO TEMPO

Hoje eu quero falar de rosas, do céu azul e do mar
Porém mais do que falar queria tocá-la, vê-la, sentí-la
Mas ela não está aqui
Não há ninguém aqui
Eu procuro na escuridão por um alguém
Mas minha escuridão me faz apalpar o nada
Enxergar o vazio
Ou não enxergar a final de contas

Cansa-me o fardo de procurar
Consome o meu ser o fardo de esperar
Espero um amor
A noite é fria
Espero um calor

Tristeza é mais do que sentimento
É uma estaca
Amor é mais do que sofrimento
É uma dádiva
Mas o tempo é pungente
E a noite demora-se em sua existência
Trazendo consigo toda a amargura
De um dia terminado
Sem que se tenha realmente amado

Desejo tirar a estaca encravada em meu peito
Desejo ganhar a dádiva maior e o alento
De ter ao menos uma vez ainda durante o dia
Que o tempo há de trazer de volta
Num novo amanhecer acalentado pelo Sol
O poder de tocar e ver
Sentir e falar
Das rosas, do céu azul e do mar

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

POIS É...(2)

Sim, senhor! E a LAITE fica do outro lado!


O cara deve manter um PROSTÍBULO dentro de casa!

domingo, 4 de outubro de 2009

MINHA PRISÃO

Hoje não quero falar de rosas, do céu azul ou do mar
Hoje sequer eu quero falar
Encontro-me assim
Como um pássaro defronte a uma imensidão
Imensidão vazia, cheia de lamentações e saudades
Pois sua gaiola o torna cativo
Dos seus próprios medos, angústias e aflições

Amigos que se foram
A esperança deixada e não mais depositada
A desconfiança e a ameaça
A alegria esquecida
Em lugares onde ainda existia a felicidade
Onde ser simplesmente eu
Já bastava para ser o melhor de mim
O que deixei fora dessa clausura
É exatamente o que me encerra

A tristeza e a solidão refletidas nos meus olhos
Não são reflexo do que sou
Mas do que sinto quando não posso ser
Essa é a imensidão e por isso é vazia
Essas são as lamentações
E a saudade do que se desfez no decorrer dos anos
É o que me faz magoar
E não mais enxergar
A beleza das rosas, do céu azul ou do mar

sábado, 26 de setembro de 2009

MONOTONIA

Hoje é um daqueles dias. Sento-me em frente ao computador com uma vontade enorme de escrever, mas sem idéias, sem tempo e sem dominar as novas regras ortográficas. Reforminha besta essa! Não poderia vir em momento pior. Logo quando eu resolvi ter um blog! Eu gosto do trema, tenho um carinho especial por ele. Pena não poder falar-lhes - pois seria melhor demonstrar falando - que há uma diferença discrepante entre lingüiça e linguiça. Linguiça é feio (sem querer fazer qualquer tipo de trocadilho). Estréia fica horrível sem acento. E como as pessoas viajarão se não há mais acento em vôo? (Agora sim o  trocadilho).  Mudanças causam-me extrema repulsão. Sou desordenadamente metódico. E quando as coisas mudam demandam tempo, esforço. Sou do tipo que não gosta do esforço gratuito. Canalizo todas as minhas forças no que considero importante, primordial. Reaprender o português será primordial em 2012, quando o novo acordo ortográfico será obrigatório. Até lá eu continuarei usando o trema em lingüiça, o acento em estréia, em vôo, etc. É como meu avô sempre dizia: "Por que fazer hoje o que se pode deixar para amanhã?". Mentira. Meu avô não dizia isso não, quem diz sou eu. 

Meu avô era como a maioria dos brasileiros: trabalhador, dedicado, honesto. Tudo bem, concordo. A última característica não é tão da maioria dos brasileiros assim. Mas meu avô era. O brasileiro é malandro, já por natureza. Porém, há alguns que se dão bem com a malandragem. Titio Sarney Bigode de Bode está aí para provar. Acho que nunca encontrarei alguém tão malandro quanto ele. A malandragem do meu avô era pura. Meu avô era puro. E não conhecia a nova reforma ortográfica. Nem sabia escrever direito, coitado. Mas isso não o fez ser pior. Muio pelo contrário. Ele sabia que a família é a coisa mais importante do mundo e por isso se esforçou para cuidar da minha mãe e dos outros cinco filhos. Essa herança percorreu incólume as gerações seguintes e hoje sei que a minha família é o que há de mais importante no mundo. Mas quanto a isso não podemos nem reclamar de Sarney Bigode de Lontra, pois ele gosta da família dele. E como gosta!

Todas essas coisas me fazem refletir se, em meio a esse mundo lúgubre, as pessoas ainda sabem valorizar o que realmente é importante. Será que sabem o que realmente é importante? Na selva urbana em que vivemos, ganha as lutas quem tem, e não quem é. Os poderosos tentam interromper as primaveras, distrair o povo com assistencialismos quando deveriam conceder igualdade. Fazem reformas ortográficas quando deveriam reformar o ensino. Muitos alunos do ensino público chegam ao ensino médio sendo semi-analfabetos. Será que saberão distinguir a diferença entre estreia e estréia? Será que os jovens necessitados de recorrer aos órgãos públicos descobrirão o caminho oposto ao da malandragem? Será que eles têm em quem se espelhar, ou só enxergam a prosperidade nos caminhos tortuosos da desonestidade? Quem é o exemplo dessa geração? Sarney Bigode de Camelo? Quando a malandragem será punida? Quando as reformas serão realmente relevantes? Estamos perdidos ou essa é apenas uma transição? Quando...? Quem...? O que...?  Pergunta não falta. Somos um povo carente de respostas e sedento por ações. Atitudes há, porém os beneficiados não mudam. A esse tipo de mudança não sou relutante e luto sim por melhorias, pois isso é algo que não se pode deixar para amanhã.
              

domingo, 20 de setembro de 2009

O PESADELO-- A SOLIDÃO DO MEU DESPREZO E O DIÁLOGO DE UM SÓ HOMEM

-- Bom dia!
-- Bom dia!
-- Como foi sua noite?
-- Não muito boa... Esse pesadelo não pára de me perturbar.
-- Aquele que você me contou no outro dia?
-- Não lembro...
-- O do barco...
-- Sim! Esse mesmo! Você já tentou se colocar nessa situação?
-- Não tive coragem. Ele me pareceu muito forte.
-- E é! E essa noite foi pior. Foi mais intenso, mais real e aconteceram umas coisas novas. Como se ele tivesse se renovado!
-- Cara! Mais forte?
-- Sim! Vou te contar: tinha esse barco... ele tava vazio. Eu tava parado na margem do rio, assim como nas vezes anteriores. De repente começou um vento muito forte. Eu me virava para começar a correr pra longe dali, mas uma cratera se abria na minha frente ao longo de toda a margem. Aí não teve jeito. Eu tive de entrar no barco, que balançava sem parar por causa do vento. No barco tava escrito: "EU" (essa é a parte nova). Mesmo com toda aquela instabilidade e a ameaça do barco virar, eu continuei navegando. O vento era muito, muito forte e raios, relâmpagos e trovoadas ameaçavam aquele lugar: um rio largo, onde não se via nada devido ao cair da noite escura, tenebrosa e impiedosa. Foi então que o mais estranho aconteceu. Mesmo em meio a todo esse caos eu consegui ver alguns barcos passando, e alguns paravam para me oferecer ajuda como se nada estivesse acontecendo, enquanto eu estava desesperado. Desesperado e amedrontado demais para sair daquele barco. Eu continuei navegando mesmo em meio ao terror que estava passando. Foi quando umas criaturas medonhas saíram debaixo do barco,  como se houvesse um subnível, um porão e uma passagem levava até lá. As criaturas eram aterrorizantes. Eu nunca vi igual. Elas me encurralaram e eu fiquei sem ter pra onde ir. Nesse momento eu me joguei do barco, mas não conseguia nadar. Enquanto eu me afogava, pude ver uma onda gigante destroçando o barco. Nesse momento eu fechava os olhos. E acordei.
-- ...
-- Cadê você?
-- ...
-- Não vai falar nada?
-- ...
-- EI!! CADÊ VOCÊ????
-- ...
-- Você vai me abandonar também?
-- Não, pois eu sou o único que te resta. Pelo menos até que uma onda me destroce.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

PROGRESSO COM DESORDEM

Em sete de setembro de 1822, as margens- supostamente plácidas- do Ipiranga parecem ter ouvido um brado supostamente retumbante de um povo supostamente heróico. Não há relatos históricos comprovando a existência da famosa pintura que mostra Dom Pedro I "bradando". A independência brasileira foi um movimento elitista liderado por uma monarquia sedenta por poder e disposta a qualquer coisa para interromper as pressões populares e manter a manipulação exercida pelos poderosos da época. O Brasil era carente de heróis.
Assim foi se construindo o Brasil: com uma história incoerente e discriminatória. Foi formado no país um baldrame forte de ameaças políticas e medo popular para as decisões tomadas. Medidas imediatistas, inconseqüentes e disparatadas, adotadas por diversos governantes, conduziram a nação a um cenário tenebroso, no qual os escândalos, a corrupção, a desigualdade, a impunidade e avanços e milagres econômicos marcados por intensa concentração de renda preenchem os noticiários e as casas de poder nacionais.
Quantas vezes ouvimos sobre mensalão em 2006? O deputado Roberto Jeferson resolveu entregar todo o essquema por não estar muito satisfeito com o lucro que tinha. A CPI desse caso ainda existe, mas pouco se ouve falar sobre ele hoje. Com a ajuda da mídia, o povo foi acalmado e os envolvidos acabaram impunes por não haver cobrança por parte da população pacata, sem identidade nacional e isenta de patriotismo (exceto na Copa do Mundo) existente, resultado da lobotomização feita no povo pelas autoridades, o que calou e cegou os cidadãos. Hoje ouvimos sobre atos secretos, comandados por um dinossauro do poder e um conselho de ética desprovido de qualquer ética, e temos que ouvir calados.
No atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva vive-se um progresso ainda modesto e desigual, em que são favorecidos os já favorecidos, apesar das ações assistencialistas praticadas pelo presidente que não suprem as necessidades de todos. Os avanços econômicos ainda não são revertidos em avanços sociais como a melhoria da educação, da saúde, etc.
Enfim, temos de nos lembrar nessa data que vivemos num país democrático, e é exatamente a democracia que deve ser celebrada. O povo tem nas mãos o poder para a mudança, só temos que aprender a usá-lo. A mudança de postura dos brasileiros é fundamental nesses tempos de crise para que o potencial que temos se transforme em melhorias concretas que sejam para o bem e prosperidade de todos. Os políticos só se interessarão pelo povo quando este se interessar pela política.

sábado, 5 de setembro de 2009

domingo, 30 de agosto de 2009

QUEM SOMOS NÓS?

Ontem vi um homem pedindo esmola
Meu Deus! aquilo era um homem
Pena?
Não mesmo
Tristeza?
Talvez
Angústia?
Sim
Raiva?
Com certeza
Grita dentro de mim o desespero dos perdidos
Chora na minha alma a aflição dos injustiçados
Tu não sabes nem percebes a loucura dos poderosos
Nem desejas descobrí-la
Não pretendes mergulhar nas ondas insondáveis do inconsciente
Teu ego não permite
Teu superego te condena
Tu não sabes a condenação sofrida por aqueles
Nem almejas transcender o terror imposto
Que mesmo imposto é intrínseco
Que mesmo intrínseco muitos lutam contra
Estando aqui não sei o que nos aguarda
O que sentimos só depende de nós mesmos
O que nós somos vai além do entendimento
O que sentimos e o que somos
Como uma incrível guerra nos consome
Nos abate e nos deprime
Pela contradição etérea da mente
Não enxergo o fim de tamanho sofrimento
Não vejo solução para esse esquecimento
E por mais que eu queira
Não encontro a mim mesmo
E com tantos desencontros anseio
O remédio para todos os medos...

SEM FREIO

Frase vencedora de uma conferência internacional do meio ambiente:
"Todos pensando em deixar um planeta melhor para os seus filhos...
Quando pensarão em deixar filhos melhores para o planeta?"
Minha resposta para essa pergunta é simples:
"Nunca!!"
Na atual conjuntura do planeta, não há possibilidade, e muito menos interesse, de se deixar filhos melhores para o mundo, porque há preocupação demais em se usufruir dele para interesses individualistas. Isso consome o ser humano, a ponto de não restar tempo para se ensinar ou conscientizar os filhos. Ninguém pode ensinar o que nunca aprendeu. É uma reação em cadeia.
O efeito dominó que tem derrubado todas as pilastras de sustentação da Terra - o bom senso, o altruísmo e a boa vontade são algumas - tem um início não muito obstante e está longe de acabar. O alicerce de consumo incessante foi o que derribou a primeira, quando começaram as Grandes Navegações e a Era Capitalista. E como o consumismo não está nem perto do fim, é imprevisível o que nos aguarda, pois a busca constante por lucro e vantagens pessoais cega o homem para o que está ao seu redor.
A exploração da Amazônia, por exemplo, já gerou mais de 150000Km², sendo que foram praticamente 12000km² só em 2008, segundo dados do IBGE. Esses dados comprovam o descontrole e o descompromisso do homem com a sustentabilidade do planeta. Será que é esse modo d vida que queremos transmitir às gerações futuras?
A solução mais uma vez está na educação. O governo, de um modo geral, deve investir nesse setor, para que os nossos filhos tenham uma formação melhor e para que os pais, mesmo aqueles que não têm condições de pagar um preço alto, possam ver seus descendentes inseridos em uma sociedade mais educada e, por conseqüência, mais consciente e responsável.

sábado, 22 de agosto de 2009

JOGA ALGUMA COISA AGORA, RUBINHO!!


FORA SARNEY!!!



544 atos secretos, que concederam promoções, gratificações e benefícios.218 nomeações para cargos de confiança, 116 exonerações, 37 atos criando ou prorrogando comissões de trabalho e 82 boletins concedendo gratificações a servidores efetivos.
Os parlamentares que moram em Brasília mas não usam apartamentos funcionais, cedidos pelo governo, recebem, mensalmente, 3.800 reais de auxílio-moradia. José Sarney possui apartamento funcional e mesmo assim recebe o auxílio-moradia.
Ocultou da Justiça Eleitoral uma casa avaliada em 4 milhões de reais situada na Península dos Ministros, área nobre do Lago Sul de Brasília. Ele comprou a casa em 1997 por meio de um contrato de gaveta. Ele disputou as eleições de 1998 e 2006 e em nenhuma das oportunidades o imóvel foi incluído nas declarações de bens apresentados à Justiça Eleitoral. O Excelentíssimo, porém idoso, senador alegou ser esquecimento. Talvez ele precise se refugiar num asilo e receber tratamento especial para não mais esquecer coisas tão importantes.
"Em junho de 2001, o presidente do Senado, José Sarney, esteve em Veneza, na Itália, ao lado do banqueiro Edemar Cid Ferreira, amigo de mais de três décadas. Eles foram acompanhar a cultuada Bienal de Artes da cidade. Sarney e Edemar visitaram exposições e foram a festas. Semanas depois, já em São Paulo e de volta ao trabalho, o então dono do Banco Santos mandou registrar em seu computador detalhes financeiros da temporada da dupla em Veneza. O registro faz parte dos milhares de arquivos digitais que integram o processo sigiloso de liquidação do banco. O documento tem como título "JS-2". Em sete linhas ele relata a movimentação de uma conta em dólares no exterior. Há um ano, VEJA teve acesso a esse e outros documentos do rumoroso caso de liquidação extrajudicial do Banco Santos. Na semana passada, finalmente ficou claro que JS-2 era o nome-código de uma conta em dólares de José Sarney e que as anotações feitas em 10 de junho de 2001, exatamente no dia da abertura da Bienal, se referiam a movimentações de fundos. Edemar registrou a entrega de 10.000 dólares em Veneza a "JS". Edemar Cid Ferreira se referia ao presidente José Sarney em documentos do banco recolhidos pelos interventores e em poder da Justiça pelas iniciais "JS." Caso encerrado? As evidências são inequívocas, mas à polícia e à Justiça cabe a palavra final." Revista Veja- edição 2121- 15 de Julho de 2009. O senador alegou, como de costume, desconhecer tais informações. A julgar pelo círculo de amizades de JS, a situação se complica mais ainda. Edemar foi condenado pela Justiça, em primeira instância, a 21 anos de cadeia, já passou duas temporadas em uma penitenciária em São Paulo e está com todos os bens bloqueados pela Justiça. Minha mãe sempre me disse: "quem com porco anda, farelo come". Nesse caso só fica difícil discernir quem é o porco e quem come o farelo.
A Fundação José Sarney desviou verbas da Petrobrás para firmas-fantasmas e empresas da família do senador. Sarney disse que não tem nenhuma responsabilidade administrativa na fundação que leva seu nome. Porém, de acordo com o estatuto da entidade, a fundação está sob as ordens do parlamentar e de sua família.O artigo 19 do capítulo 5 enumera cada uma das responsabilidades de Sarney como "presidente vitalício" e fundador. O estatuto diz que compete a Sarney presidir as reuniões do conselho curador. Neste estão presentes vários de seu familiares, entre eles um filho de Sarney, Fernando, um irmão, Ronald Sarney, e Jorge Murad, marido da governadora Roseana Sarney, filha do presidente do Senado. Cabe ao conselho curador nomear os três titulares do conselho fiscal. Compõem esse colegiado Antônio Carlos Lima, Joaquim Campello Marques e Jurandi de Castro Leite. O primeiro, conhecido como "Pipoca", é assessor do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), aliado de Sarney. Empresas ligadas a Lima receberam mais de R$ 170 mil dos cofres da fundação de recursos da Petrobras. Os outros dois membros são do ramo literário e amigos do senador. Joaquim Campello é lotado na presidência do Senado e ocupa a vice-presidência do Conselho Editorial da Casa, também presidido por Sarney.
Essas são só algumas das denúncias a José Sarney, das quais ele foi completamente absolvido pelo Conselho de Ética do Senado. São 54 anos de carreira política. Já foi deputado, governador, senador, presidente. Quando veio a ditadura ele era ditador, quando a direita assumiu ele era conservador, quando a esquerda estava no poder ele era socialista. Junto com sua família dominou o Maranhão como se ainda vivessemos a política das oligarquias. Talvez esse seja o momento ideal para uma aposentadoria não tão digna. Antes tarde do que nunca. O cargo de presidência do Senado é um cargo de muito respeito para ser ocupado por pessoas tão imundas. Estou oficialmente aderindo à campanha FORA SARNEY!!

MORTOS-VIVOS

Vivemos em cavernas. Nossos hieróglifos horrendos se transformaram em palavras ríspidas e gestos macabros. O nosso fogo é a soberba. Porém, não somos os homens das cavernas, pois nos tornamos vampiros. Vampiros que vivem em grutas. O ódio, o orgulho e a ganância transformaram as vidas dos outros no nosso alimento. Numa conjuntura de batalhas e confrontos diários e constantes, a nossa dependência passou a depender das mortes alheias.
Todos os dias nos submetemos à carnificina imposta pelos dráculas errantes que nos cercam e pelos nossos ancestrais, nos tornando réus e vítimas, tomando posse da herança de sangue que nos foi transmitida. Morbidamente sarcásticos, aprendemos a andar com estacas e cravá-las impiedosamente - quando não nos nossos próprios - nos peitos de quem ousa tentar descobrir, destruindo desejos, sonhos e esperanças de que haja algo mais, algo além das nossas cavernas e da escuridão intrínseca à mediocridade da nossa existência.
Se fomos criados para existir por um propósito, nos subvertemos, e nos conformamos a viver somente para os nossos interesses. Somos o escorpião que mata o sapo. O nosso beijo é sempre o que nos torna agradáveis, preparando a nossa traição. A morte é sempre o que reaviva a nossa lembrança.
Interrogamo-nos constantemente: o que nos espera fora de nós mesmos? Será que é válido o sangue de uns ser o sustento e a força para a ascenção de outros? Será que vale a pena vivermos para matarmos? Será que algum dia vamos viver antes da nossa morte? Perambulamos na Terra à procura de um sentido. Será que enterramos junto com o sepulcro do nosso espírito toda a esperança de sermos melhores? Talvez não haja resposta para tantas indagações.

INCOMPLETO

Se algum dia eu disser ser o vento
Seja as folhas de uma tarde de outono
Se algum dia eu disser ser a lua
Seja o sol durante a noite
Se algum dia eu disser ser o céu
Seja o mar
E se algum dia eu disser ser o mar
Seja meu céu
Se algum dia eu disser ser a chuva
Venha me conter
Se por acaso eu não souber o que ser
Venha me socorrer
Se algum dia o que eu disser for mister
Não desista de me conhecer
Mas se algum dia eu disser ser o amor
Seja simplesmente você

O SONHO

Ontem me peguei acordado
Estava sonhando contigo
Num mundo paralelo de feitiços
Lugar comum dos mortos-vivos
A sete palmos de ti
A dois passos do paraíso
Contigo no meu sonho eu renasci

Mas enfim
O sonho um dia chega ao fim
Voltei a dormir
Porque é melhor fugir
Não sonhar nem sentir
Morrer e partir
Do que viver sem ti.

RÉUS E VÍTIMAS

Todos estão com sono
Todos estão cansados
Numa redoma de indiferença
Todos são acusados
Sumariamente ignorados
Escancaradamente enganados
Friamente assassinados
Na razão do ato
 Por nunca estarem preocupados
Mas sempre buscarem ser amados

Acusa-se o ser
Ignora-se o querer
Na vontade de crescer
Na ânsia de querer ser
Enganam-se os sentidos
Assassinam-se os sonhos
Pelo excesso do ver
Pela falta do ouvir
Que fez do que poderia ser
Restar apenas o aqui

Atos de emoção
Que destróem a razão de ser
E fazem nunca se perceber
Que fora dessa redoma sempre há
Quem se faça merecer amar.

MUNDO CORPORATIVO

Vai-te logo daqui
Apega-te à tua escuridão
Fala da tua rendição
Mostra saber fingir

Emerge da tua compaixão
Afunda-te na tua ganância
Alimenta a tua arrogância
Expõe e mata teu coração

Elegante podridão
Te joga aos pés da fúria
Te convence à luxúria
Te mostra as sombras da escuridão

Rendeste-te ao mundo
Almejaste o improvável
Alcançaste o inalcançável
Perdeste a alma, o sentido, o rumo.

A QUEM INTERESSAR

Aos meus poucos leitores, venho, por meio dessa postagem, explicar o motivo da tamanha demora para postar. Eu fiquei mais de 2 meses sem computador, pois estava com defeito. Quando o recuperei, fiquei um tempo sem internet. Agora que estou de volta, prometo que as postagens serão mais constantes.

E não deixem de comentar os textos. As opiniões dos leitores são muito importantes para mim.

Um abraço e obrigado por me prestigiarem.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

SONETO DA PAIXÃO

És o céu, as estrelas
És o vazio da tristeza
Corro, corres, direita, esquerda
Estou parado, estagnado na incerteza
Certo de que te quero
Incerto o amor
Sei, mesmo assim me desespero
Dúvida da certeza da dor
Quando estarás aqui?
Quando chegarás a partir?
Se me apresso, espero por ti
Fiz, desfiz, insisti
Larguei, recuperei, entreguei
Odiei, desejei, amei

A GRANDE PEQUENA PEDRA

Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Era grande, mas não tão grande assim
Saí da calçada pra me desviar da pedra
Fui atropelado
Antes tivesse encarado a pedra
E só ter dado uma topada

sábado, 21 de março de 2009

DE CORPO E ALMA

Apega-te ó alma ao meu corpo
Pois sinto que estás distante
Volta e vê meu esforço
Em manter-te constante

Inconstância súbita
Que causa morte instantânea
Traiçoeiro corpo inóspito
Maravilhosa ilusão momentânea

Toma-ma alma amante
Peço-te que o faças agora
Habita meu peito pulsante
Pois o fim já não demora

Pulsa pronto a sofrer
Pulsa pronto a partir
Pulsa pronto a morrer
Pois pulsa e bate por ti

Vem alma dúbia
Completa meu corpo inútil
Pois alma sem corpo é fuga
E corpo sem alma é fútil

ROTINA

Ele era pobre e triste
Escolhas o fizeram assim
Pois escolhia sempre o que insiste
Em nos conduzir ao fim
Tinha em sua rotina
O seu único e sagrado ritual
Acostumado ao costume que domina
E escraviza no poder do habitual
Fazia sempre o mesmo trajeto
Corria na sua rua até o final
Dobrava a esquina do bar do Roberto
Até chegar à Avenida Principal
Na avenida ele corria
Uns cinco quarteirões
Virava a esquina da Rua Bahia
Sem parar nem dar satisfações
Tomava o caminho de volta para casa
Mas um dia ele pensou em mudar
Pensou em sair da sua rotina
Entraria uma rua antes
Pararia no Bar do Roberto
Faria algo diferente
Mas teve medo
Preferiu manter sua rotina
Quando estava na avenida
Sofreu um acidente
Foi atropelado
Morreu na sua rotina
No seu enterro estavam
Sua mulher e dois filhos
Ninguém mais o prestigiou
No dia de sua morte.