sexta-feira, 14 de junho de 2013

SILÊNCIO IMPOSTO

Não sou romântico. Não penso em grandes revoluções que possam mudar o destino do mundo. Sei que este está fadado a um destino não muito agradável, e um dia terá seu fim. Entretanto, sei que muitas de suas mazelas são de responsabilidade daqueles que o habitam e poderiam ser revertidas se houvesse interesse. O que me incomoda não é a estagnação, mesmo porque tenho visto movimentos pelo globo. Busca-se a ordem, a paz. Busca-se a fuga do caos. Muitos já não suportam mais a forma como são conduzidos os assuntos de interesse global. Entendo que não há ordem nem paz sem que se estabeleça primeiramente o caos, e em muitos momentos de nossa história percebemos que quem tem a solução instala o problema, e disso tira vantagem. Mas ainda assim, quem pode se posicionar, luta.

O Brasil, porém, é um caso à parte na história do mundo. Fomos fundados há pouco mais de 500 anos sobre bases corruptas, exploradoras e estúpidas, e estuprados sem qualquer pudor ou ordem. Mandatários irresponsáveis e aproveitadores tiveram a batuta em suas mãos e nada fizeram a não ser sugar o que de bom havia, pois interesses individuais sempre prevaleceram sobre o bem da nação, para que o poder se concentrasse cada vez mais em quem mandava. Fomos subitamente silenciados e instaurou-se em nossa cultura a passividade e aceitação através da "burrice" imposta.  Inocência pensarmos o contrário. Tiradentes que o diga, e princesa Isabel até hoje não sabe que carta foi aquele que ela assinou. Cezar ficaria com inveja do pão e circo da terra do pau-brasil. Nem em Roma foi tão eficaz.

Devido a tantos anos de repressão e de uma ditadura eterna - subjetiva ou declarada, exposta ou não no nome da política de governo - fomos levados a um estado de marasmo e acomodação. Não sabemos pelo que nem como nos posicionarmos. Não sabemos nem em quem votamos, nem o que fazem para honrar a nossa representação. Tiririca é deputado federal e até hoje ainda não descobriu qual é sua função - não se preocupe, Tiririca, a maioria não sabe. Somos extorquidos por impostos estratosféricos e corrupção impunível. Nosso dinheiro é despejado com abundância, pedantismo, soberba, orgulho e sem medida na organização de um evento e na construção de grandes arenas - mais de 4 bilhões de reais -, mas para a administração de um hospital universitário está em falta.

Entretanto, tenho observado um ensaio de movimentação, de revolução, de exteriorização de uma voz latente em nossas mentes dizendo: "Não aguento mais! Do jeito que está não pode ficar! Alguma coisa tem de ser feita!". Tenho observado o despertar de uma juventude que não se conforma, dentre outras coisas, com o preço absurdo de uma passagem para viajar em condições precárias, desumanas. Uma juventude que não entende o porquê da privatização dos hospitais se há tanto dinheiro nos cofres públicos. Uma juventude que se preocupa também com a PEC 37, senhor Arnaldo Jabor. Uma juventude majoritariamente de classe média sim, como o senhor mesmo disse, mas que carrega o país nas costas através de seu trabalho pesado, para que grandes magnatas usufruam os bens e as regalias desse país, enquanto nós nos esforçamos e encaramos de frente as mazelas desse país. Uma juventude que não mendiga 20 centavos, mas que não suporta mais o estupro de um governo que não premia nem retribui o trabalho e a dedicação, e de empresas que não pensam em nada além do lucro para alimentarem suas próprias redes de corrupção.

Portanto, vejo com esperança o despertar de algo que pode, sem romantismo, mudar alguma coisa enquanto o mundo existe, mesmo que a mídia tente abafar enquanto pode, mesmo que a Globo continue sendo testa de ferro de um governo "prostituto", medíocre, incompetente, sem identidade, sem ideologia e sem caráter. Mesmo que a "teletela" persista em tentar nos dizer o que devemos fazer, vejo que um novo Brasil pode começar a se erguer, e através disso tenho esperanças de dar aos meus descendentes algo melhor do que o que vivo. Algo melhor do que Renan Calheiros na presidência do Senado, Paulo Maluf e José Genuíno na Comissão de CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA. Vejo um ponto de partida. Aonde nos levará só o tempo poderá dizer.  

quarta-feira, 5 de junho de 2013

UM SOL NA MINHA VIDA

"O raiar do sol é o recomeço". Esse é um trecho de uma música da banda Crombie, de que gosto muito. Há muito que não escuto algo que eu acredite tanto. Nada é tão certo quanto o raiar do sol, assim como, paradoxalmente, nada é tão incerto quanto um recomeço. Porém, precisamos desses dois elementos nas nossas vidas. Precisamos do sol pois é um aliado, um delimitador, um marcador, um apontador. Precisamos do recomeço, pois também é um delimitador, é o ponto onde as coisas se divergem, onde os sentidos são revistos e, possivelmente, invertidos, onde descobrimos o inexplorado, e nos descobrimos no processo. Precisamos de quantos recomeços se façam necessários, pois recomeçar é reavaliar, analisar e mudar.

Mudanças, entretanto, são um tanto renegadas. Queremos o nosso espaço, o nosso nicho pré-estabelecido, o conveniente, o garantido - mesmo que não seja o melhor -, o previsto, o previsível. Mas quando as mudanças são inevitáveis, nos apegamos ao que nos mantém de pé, e mesmo que não saibamos aonde ir, sabemos que um dia chegaremos lá. Olhamos para o nosso sol. Vislumbramos o horizonte e somos convencidos do poder revigorante de um novo dia, do sol clareador e aquecedor. Tomamos fôlego, respiramos fundo e nos empoderamos de uma coragem antes desconhecida, pois não sabíamos que existia algo além do nosso medo.

Todos os dias recomeços se apresentam, e temos a oportunidade de aceitá-los ou não. Temos uma escolha. Recomeços são desafiadores. Podemos permitir que o sol nasça ou que o dia continue escuro. Há três anos e meio, dentre tantos que se apresentaram em minha vida, vivi o recomeço mais importante. Há três anos e meio pude vislumbrar o horizonte, e a vista é maravilhosa. Nada foi tão incerto quanto aquele recomeço, mas nada me faz tão feliz, tão aquecido, tão completo quanto aquele sol que ali surgia. Hoje recomeço quantas vezes forem necessárias, e tenho certeza que outros sóis surgirão em outros aspectos da minha vida, mas este sol estará ali, nunca se apagará, será sempre meu aliado, meu conforto, me aquecerá, não sairá do lugar, pois está onde nasceu para estar. Este é o seu lugar, e eu estarei sempre aqui para recebê-lo.

Tive momentos de angústia e de tristeza, mas este sol me trouxe um recomeço que espero durar a eternidade e me fez descobrir que talvez o horizonte nem seja o fim. Descobri que há sempre mais esperando por mim, que um fim nada mais é do que um ponto de partida, e que sem o fim o sol não pode existir, sem a escuridão a luz não faz diferença, e que não importa o que aconteça, o sol vai sempre nascer, basta o abraçarmos. Descobri que nada importa tanto quanto ter um dia claro. Eu amo o meu sol!








Texto em homenagem à Marcela Raposo, um sol na minha vida, o meu grande amor, por quem me apaixono todos os dias. Há três anos e meio, completados hoje, ela me faz o homem mais feliz! Eu te amo!