terça-feira, 26 de outubro de 2010

VIDA. OU O QUE QUER QUE SEJA

Vagarosamente encaro
Um dia a mais
Sinceramente espero
Um dia mais
Quente... ou frio

Em meus medos aquecido
Friamente busco um sentido
Porém A-Luci-Nada-Mente
À mente que despreparada sente
Desesperadamente
Hipotermias de morte
E transpirações de vida... e morte
Ao dizer que nem tudo é questão de sorte

Independentemente 
Do que realmente seja
Tudo depende do modo que a vemos
Peso pêsames e sofrimentos
Apesares superações e alegrias

Antes que a inesperada
Indesejada e amaldiçoada chegue
Eu me permito permitir
Chorar pular cantar rir brincar amar
Apesar de tudo

Supero meu mundo todo
De mim ou do que me cerca
Das tristezas que sendo fartas
Esvaziam-se por gestos raros
E provas de amor inatas

E não desisto por nada
Pois certeza versus esperança
Em corpo meramente mortal
Só saberemos que acabou
Quando chegar o ponto final.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

SONHANDO ACORDADO

O que acontece quando Id, Ego e Superego se juntam e começam a brigar entre si? Um sonho! Os seus instintos mais primitivos, suas primeiras lembranças se revelam nele. A realidade é desconstruída, nada se parece com nada enquanto tudo se mistura com tudo, nossa imaginação em seu estado mais gracioso ou sombrio aflora. É durante essa eternidade repetitiva de quase dez minutos que suas intenções, seus desejos e medos mais profundos, secretos e inóspitos são visitados. O sonho é a relembrança de suas vontades.

Me ocorreu outro dia, pensando nisso, uma questão: por que quando queremos ou aspiramos algo chamamos de sonho? Passei o dia pensando nisso, em como me calar e voltar a pensar em algo mais palpável, material, mas não pude. A partir daquele momento passei a criar possíveis respostas, pensar em alternativas, a imaginar. Depois de algumas horas, percebi uma coisa. O tempo todo eu estava imaginando, pensando, projetando, construindo. Em nenhum momento paramos de fazer isso, mas durante o sono fazemos sem organização, sem o domínio absoluto do nosso Superego para nos coordenar, nos condenar. Quando dormimos, damos espaço para atuação dos outros seres da nossa mente, antes submersos.

Após ter concluído isso, pensei em outra coisa. Pensei que, talvez, para sermos um pouco mais felizes, deveríamos, mesmo acordados, dar terreno para nossos instintos e imaginação para um mundo melhor. Sermos nós mesmos com nossas convicções sobre... bem... tudo! Por vezes, chamarão o que nós acreditamos de utopia, e, por interesses pessoais, tentarão matar o que defendemos. Dirão que é ruim, que é maléfico, que não dá lucro. Tentarão ser o nosso Superego. A pressão vai sufocar até fazer ceder e mais uma vez o sonho morrerá. Eu sou o Id e o Ego. Eu levanto a bandeira da construção, a bandeira da igualdade, eu sou utópico em meus desejos porque eu acredito em pessoas, cada uma com seus sonhos, com sua história, mas que juntas, podem ser um só para o bem de todos.

Esse é o meu sonho, e por essa utopia lutarei.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A CERTEZA DO INEXATO

"Se alguém souber dizer o que é o amor, esse alguém não sabe o que é amor". Pensando nessa frase, fui dormir. Dormi questionando como podemos ter tanta convicção de um sentimento que não temos a capacidade de precisar - pois desde a formação da Terra se fala sobre ele, discute-se sobre ele, formam-se definições dele, várias definições, escreve-se sobre ele, canta-se dele - ao mesmo tempo em que temos a certeza de que precisamos dele.

Posso, a partir daqui, ser clichê e piegas como as músicas de Roberto Carlos, ou tentar simplesmente refletir sobre essa sensação tão maravilhosa e arrebatadora. Amar alguém, não só no âmbito sexual, mas demonstrar carinho, respeito, compaixão para com o outro, é o que confere essa maravilha e esse arrebatamento.

Amar é o sentimento mais profundo que conhecemos, por isso após milênios ainda não nos aprofundamos o bastante. É algo tão incerto, metamórfico, que dizer palavras adolescentes numa música feita para venda e audiência em massa não é o suficiente. Amar é muito mais, e sempre mais. É saber que sempre existirá uma razão e sentido para a vida, mesmo quando o mundo estiver ao contrário. É ter certeza de que encontrará naqueles braços o calor necessário para o frio siberiano. É saber que mesmo quando faltam palavras, um gesto pode mudar o destino de um dia, uma semana, um mês, um ano. De uma vida. É ter a certeza do inexato, indefinido e inconcluso apenas porque você se sente seguro. Tudo por causa dequeles braços, daquele abraço. É uma tempestade num dia ensolarado enquanto calmaria num mar agitado.

Passaremos os próximos anos, até o fim do mundo, tentando defini-lo, pois não temos respostas científicas para ele, só conhecemos os seus efeitos, e, enquanto sentimento for, como sentimento o cultivaremos e continuaremos em busca da frase perfeita, do poema ideal, da música que faz chorar, mas ainda choraremos daqui a centenas de milhões de anos, porque, sendo inexato, de diferentes maneiras se apresenta e de diversos modos o conhecemos. Por isso ele é tão rico e, graças a Deus, por isso nunca saberemos o que o amor realmente é. O que importa é o que ele representa para cada um.

"Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar..."
(O Meu Olhar - Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)

O que o amor representa para você?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

NO SINAL

Lá estava o meu carro. Parado. Os limões subiam e desciam, giravam, rodopiavam, alguns com certa habilidade, precisão, e outros com um tanto de dificuldade, como que em aprendizado, como se não soubessem aonde ir. Não sabiam mesmo. Já não sabem também o que fazer para atraírem atenção. Dia e noite passam e os sinais vermelhos não se esverdeiam. A transparência dos vidros fechados reflete os corações opacos daqueles que vêm e vão, por vezes mais perdidos que os próprios limões. Estes estão sozinhos e, apesar de seus esforços, continuam se deparando com faróis, lanternas, luz interna e painéis que não param de piscar a luz vermelha. Mesmo assim continuam no sinal. Inconveniência, abuso, costume ou último recurso? De quem será a culpa? Até os vidros poderosos estão fechados. Na verdade, estão blindados.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

INFINITO

Caiam, estrelas, se ela não me achar.
Mostrem-na o caminho se ela não se achar.
Iluminem a via por onde ela andar.
Levem-nos ao céu quando ela aqui chegar.

E do céu não iremos sair,
Na lua iremos dormir,
O sol desejará nos ouvir
Quando o universo cantar
Nosso lindo desejo de amar.

Mas se um dia, estrelas, ela for
Para longe peço, por favor,
Para que eu volte ao meu lugar,
Pois o espaço se fará vulgar
Se ela não estiver a me esperar

Verei o céu descolorir,
E a lua não mais a sorrir,
O brilho do sol a sumir
Se o universo sangrar
E o amor que houver acabar.
Pois ela é o meu céu,
Meu sol,
Meu luar.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

TRABALHO, PRESSÃO, CANSAÇO

Sento-me à frente do computador. Vontade de escrever não me falta, mas nada me surge na mente. Falar sobre o quê? Política? Clichê demais. Esporte? Banal demais. Comportamento? Incerto demais. Nada me parece bom o suficiente. Sinto-me preso a mim mesmo, preso às minhas idéias - ou à falta delas.

Minhas mãos, então, se levantam, vão ao teclado e voltam sem resposta, desoladas. Levantam-se mais uma vez, vão à cabeça, raspam suas unhas em meu couro cabeludo, voltam um pouco mais aliviadas. Ainda não surgiu nada. Voltam a se erguerem, juntas esfregam minha face, voltam ao teclado, continuam desesperadas, ansiosas por uma resposta, um sinal cerebral. Nada chega a elas. Elas se cansam, apóiam-se sobre as coxas, cansadas, exauridas. Refletem a pressão e a cobrança por produtividade, mesmo quando nada tem a se oferecer, devido à sobrecarga do trabalho imposto a elas todo dia e o dia todo, à obrigatoriedade de se pegarem as coisas. O ideal seria cortá-las, substituí-las, já que estão inúteis quando mais se precisa delas. O cérebro, mesmo sendo o responsável, não admite culpa. Ele é poderoso demais para ser acusado. Bem, talvez ela precise de cuidados, creme hidratante, talvez uma massagem... Não! Não é necessário! Elas ficarão ali, estáticas, apenas obedecendo ordens porque não têm aonde ir.

Minhas mãos têm vida própria. Vivem como milhares de brasileiros. Sistema inútil, cruel e fútil!

DE VOLTA À ATIVA (DESABAFO)

Passei um longo tempo de inércia mental, sem ânimo, tempo ou criatividade o suficiente para novos textos e colunas. Porém, estou de volta, renovado, mesmo sabendo que a freqüência deste blog não é muito grande. Entretanto, cheguei à conclusão de que os textos que eu escrevo sempre foram para mim mesmo. Neles eu expresso minhas emoções, frustrações, etc. Não como um diário, mas como desabafos e compartilhamentos através das artes. Cheguei à conclusão de que não adianta esperar infinitos seguidores ou milhares de visitantes num único dia, porque o que eu produzo é para o meu próprio deleite e aqueles que sentirem o mesmo prazer que eu sinto ao apreciar um bom texto são muito bem-vindos, não só com suas visitas, mas com suas opiniões, críticas, elogios ou sugestões.

Eu amo escrever e espero que amem o que eu escrevo, contudo havia me esquecido de que a verdadeira recompensa do que uma pessoa faz está na satisfação própria.

Agora, recobrados os meus sentidos, não prometo atualizações constantes, todavia me comprometo a postagens apaixonadas, intensas e inspiradas. Espero contar com a contribuição de quem me visita e que apreciem minha nova proposta.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

QUINTA-FEIRA MUSICAL #8



Lenine. Grande compositor, ótima voz. A harmonia dessa música é excelente e o jogo de palavras é lindo. O povo brasileiro se identifica com essa música porque se vê nela. Muito bom!

Comentem!