quarta-feira, 12 de maio de 2010

TRABALHO, PRESSÃO, CANSAÇO

Sento-me à frente do computador. Vontade de escrever não me falta, mas nada me surge na mente. Falar sobre o quê? Política? Clichê demais. Esporte? Banal demais. Comportamento? Incerto demais. Nada me parece bom o suficiente. Sinto-me preso a mim mesmo, preso às minhas idéias - ou à falta delas.

Minhas mãos, então, se levantam, vão ao teclado e voltam sem resposta, desoladas. Levantam-se mais uma vez, vão à cabeça, raspam suas unhas em meu couro cabeludo, voltam um pouco mais aliviadas. Ainda não surgiu nada. Voltam a se erguerem, juntas esfregam minha face, voltam ao teclado, continuam desesperadas, ansiosas por uma resposta, um sinal cerebral. Nada chega a elas. Elas se cansam, apóiam-se sobre as coxas, cansadas, exauridas. Refletem a pressão e a cobrança por produtividade, mesmo quando nada tem a se oferecer, devido à sobrecarga do trabalho imposto a elas todo dia e o dia todo, à obrigatoriedade de se pegarem as coisas. O ideal seria cortá-las, substituí-las, já que estão inúteis quando mais se precisa delas. O cérebro, mesmo sendo o responsável, não admite culpa. Ele é poderoso demais para ser acusado. Bem, talvez ela precise de cuidados, creme hidratante, talvez uma massagem... Não! Não é necessário! Elas ficarão ali, estáticas, apenas obedecendo ordens porque não têm aonde ir.

Minhas mãos têm vida própria. Vivem como milhares de brasileiros. Sistema inútil, cruel e fútil!

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