Não sou romântico. Não penso em grandes revoluções que possam mudar o destino do mundo. Sei que este está fadado a um destino não muito agradável, e um dia terá seu fim. Entretanto, sei que muitas de suas mazelas são de responsabilidade daqueles que o habitam e poderiam ser revertidas se houvesse interesse. O que me incomoda não é a estagnação, mesmo porque tenho visto movimentos pelo globo. Busca-se a ordem, a paz. Busca-se a fuga do caos. Muitos já não suportam mais a forma como são conduzidos os assuntos de interesse global. Entendo que não há ordem nem paz sem que se estabeleça primeiramente o caos, e em muitos momentos de nossa história percebemos que quem tem a solução instala o problema, e disso tira vantagem. Mas ainda assim, quem pode se posicionar, luta.
O Brasil, porém, é um caso à parte na história do mundo. Fomos fundados há pouco mais de 500 anos sobre bases corruptas, exploradoras e estúpidas, e estuprados sem qualquer pudor ou ordem. Mandatários irresponsáveis e aproveitadores tiveram a batuta em suas mãos e nada fizeram a não ser sugar o que de bom havia, pois interesses individuais sempre prevaleceram sobre o bem da nação, para que o poder se concentrasse cada vez mais em quem mandava. Fomos subitamente silenciados e instaurou-se em nossa cultura a passividade e aceitação através da "burrice" imposta. Inocência pensarmos o contrário. Tiradentes que o diga, e princesa Isabel até hoje não sabe que carta foi aquele que ela assinou. Cezar ficaria com inveja do pão e circo da terra do pau-brasil. Nem em Roma foi tão eficaz.
Devido a tantos anos de repressão e de uma ditadura eterna - subjetiva ou declarada, exposta ou não no nome da política de governo - fomos levados a um estado de marasmo e acomodação. Não sabemos pelo que nem como nos posicionarmos. Não sabemos nem em quem votamos, nem o que fazem para honrar a nossa representação. Tiririca é deputado federal e até hoje ainda não descobriu qual é sua função - não se preocupe, Tiririca, a maioria não sabe. Somos extorquidos por impostos estratosféricos e corrupção impunível. Nosso dinheiro é despejado com abundância, pedantismo, soberba, orgulho e sem medida na organização de um evento e na construção de grandes arenas - mais de 4 bilhões de reais -, mas para a administração de um hospital universitário está em falta.
Entretanto, tenho observado um ensaio de movimentação, de revolução, de exteriorização de uma voz latente em nossas mentes dizendo: "Não aguento mais! Do jeito que está não pode ficar! Alguma coisa tem de ser feita!". Tenho observado o despertar de uma juventude que não se conforma, dentre outras coisas, com o preço absurdo de uma passagem para viajar em condições precárias, desumanas. Uma juventude que não entende o porquê da privatização dos hospitais se há tanto dinheiro nos cofres públicos. Uma juventude que se preocupa também com a PEC 37, senhor Arnaldo Jabor. Uma juventude majoritariamente de classe média sim, como o senhor mesmo disse, mas que carrega o país nas costas através de seu trabalho pesado, para que grandes magnatas usufruam os bens e as regalias desse país, enquanto nós nos esforçamos e encaramos de frente as mazelas desse país. Uma juventude que não mendiga 20 centavos, mas que não suporta mais o estupro de um governo que não premia nem retribui o trabalho e a dedicação, e de empresas que não pensam em nada além do lucro para alimentarem suas próprias redes de corrupção.
Portanto, vejo com esperança o despertar de algo que pode, sem romantismo, mudar alguma coisa enquanto o mundo existe, mesmo que a mídia tente abafar enquanto pode, mesmo que a Globo continue sendo testa de ferro de um governo "prostituto", medíocre, incompetente, sem identidade, sem ideologia e sem caráter. Mesmo que a "teletela" persista em tentar nos dizer o que devemos fazer, vejo que um novo Brasil pode começar a se erguer, e através disso tenho esperanças de dar aos meus descendentes algo melhor do que o que vivo. Algo melhor do que Renan Calheiros na presidência do Senado, Paulo Maluf e José Genuíno na Comissão de CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA. Vejo um ponto de partida. Aonde nos levará só o tempo poderá dizer.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
quarta-feira, 5 de junho de 2013
UM SOL NA MINHA VIDA
"O raiar do sol é o recomeço". Esse é um trecho de uma música da banda Crombie, de que gosto muito. Há muito que não escuto algo que eu acredite tanto. Nada é tão certo quanto o raiar do sol, assim como, paradoxalmente, nada é tão incerto quanto um recomeço. Porém, precisamos desses dois elementos nas nossas vidas. Precisamos do sol pois é um aliado, um delimitador, um marcador, um apontador. Precisamos do recomeço, pois também é um delimitador, é o ponto onde as coisas se divergem, onde os sentidos são revistos e, possivelmente, invertidos, onde descobrimos o inexplorado, e nos descobrimos no processo. Precisamos de quantos recomeços se façam necessários, pois recomeçar é reavaliar, analisar e mudar.
Mudanças, entretanto, são um tanto renegadas. Queremos o nosso espaço, o nosso nicho pré-estabelecido, o conveniente, o garantido - mesmo que não seja o melhor -, o previsto, o previsível. Mas quando as mudanças são inevitáveis, nos apegamos ao que nos mantém de pé, e mesmo que não saibamos aonde ir, sabemos que um dia chegaremos lá. Olhamos para o nosso sol. Vislumbramos o horizonte e somos convencidos do poder revigorante de um novo dia, do sol clareador e aquecedor. Tomamos fôlego, respiramos fundo e nos empoderamos de uma coragem antes desconhecida, pois não sabíamos que existia algo além do nosso medo.
Todos os dias recomeços se apresentam, e temos a oportunidade de aceitá-los ou não. Temos uma escolha. Recomeços são desafiadores. Podemos permitir que o sol nasça ou que o dia continue escuro. Há três anos e meio, dentre tantos que se apresentaram em minha vida, vivi o recomeço mais importante. Há três anos e meio pude vislumbrar o horizonte, e a vista é maravilhosa. Nada foi tão incerto quanto aquele recomeço, mas nada me faz tão feliz, tão aquecido, tão completo quanto aquele sol que ali surgia. Hoje recomeço quantas vezes forem necessárias, e tenho certeza que outros sóis surgirão em outros aspectos da minha vida, mas este sol estará ali, nunca se apagará, será sempre meu aliado, meu conforto, me aquecerá, não sairá do lugar, pois está onde nasceu para estar. Este é o seu lugar, e eu estarei sempre aqui para recebê-lo.
Tive momentos de angústia e de tristeza, mas este sol me trouxe um recomeço que espero durar a eternidade e me fez descobrir que talvez o horizonte nem seja o fim. Descobri que há sempre mais esperando por mim, que um fim nada mais é do que um ponto de partida, e que sem o fim o sol não pode existir, sem a escuridão a luz não faz diferença, e que não importa o que aconteça, o sol vai sempre nascer, basta o abraçarmos. Descobri que nada importa tanto quanto ter um dia claro. Eu amo o meu sol!
Texto em homenagem à Marcela Raposo, um sol na minha vida, o meu grande amor, por quem me apaixono todos os dias. Há três anos e meio, completados hoje, ela me faz o homem mais feliz! Eu te amo!
Mudanças, entretanto, são um tanto renegadas. Queremos o nosso espaço, o nosso nicho pré-estabelecido, o conveniente, o garantido - mesmo que não seja o melhor -, o previsto, o previsível. Mas quando as mudanças são inevitáveis, nos apegamos ao que nos mantém de pé, e mesmo que não saibamos aonde ir, sabemos que um dia chegaremos lá. Olhamos para o nosso sol. Vislumbramos o horizonte e somos convencidos do poder revigorante de um novo dia, do sol clareador e aquecedor. Tomamos fôlego, respiramos fundo e nos empoderamos de uma coragem antes desconhecida, pois não sabíamos que existia algo além do nosso medo.
Todos os dias recomeços se apresentam, e temos a oportunidade de aceitá-los ou não. Temos uma escolha. Recomeços são desafiadores. Podemos permitir que o sol nasça ou que o dia continue escuro. Há três anos e meio, dentre tantos que se apresentaram em minha vida, vivi o recomeço mais importante. Há três anos e meio pude vislumbrar o horizonte, e a vista é maravilhosa. Nada foi tão incerto quanto aquele recomeço, mas nada me faz tão feliz, tão aquecido, tão completo quanto aquele sol que ali surgia. Hoje recomeço quantas vezes forem necessárias, e tenho certeza que outros sóis surgirão em outros aspectos da minha vida, mas este sol estará ali, nunca se apagará, será sempre meu aliado, meu conforto, me aquecerá, não sairá do lugar, pois está onde nasceu para estar. Este é o seu lugar, e eu estarei sempre aqui para recebê-lo.
Tive momentos de angústia e de tristeza, mas este sol me trouxe um recomeço que espero durar a eternidade e me fez descobrir que talvez o horizonte nem seja o fim. Descobri que há sempre mais esperando por mim, que um fim nada mais é do que um ponto de partida, e que sem o fim o sol não pode existir, sem a escuridão a luz não faz diferença, e que não importa o que aconteça, o sol vai sempre nascer, basta o abraçarmos. Descobri que nada importa tanto quanto ter um dia claro. Eu amo o meu sol!
Texto em homenagem à Marcela Raposo, um sol na minha vida, o meu grande amor, por quem me apaixono todos os dias. Há três anos e meio, completados hoje, ela me faz o homem mais feliz! Eu te amo!
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
ÍNDICES DE DESCULPAS
Naquele momento não pensei em mais nada, e assim inicia-se esta história, pelo motivo incentivador de uma reflexão sobre o que me espera. As palavras já estavam ditas e nada poderia revertê-las. Nessa estrada não havia retorno. Quando elas estão guardadas são nossas escravas e podemos fazer delas
o que quisermos, mas, quando são lançadas ao ar, nós somos rebaixados à
escravidão e elas podem ser senhoras muito cruéis quando, ao serem
elaboradas, burlam a etapa na qual o cérebro trabalha.
Os sentimentos se embaralhavam e o meu peito diminuiu dois terços de seu tamanho, pois senti meu coração apertado, sufocado. Não porque estava com remorso, mas porque eu soube, naquele instante, que uma ferida havia sido aberta por mim, devido à minha irredutibilidade, à minha dificuldade em ouvir, à minha dificuldade em aceitar, à minha dificuldade em entender e à minha mania de achar que tudo pode se resolver em berros, que dessa forma serei ouvido. Aquilo que havia me transtornado já nem importava mais, pois a necessidade de estar certo levou-me a desvirtuar o assunto e a atribuir culpa a gestos completamente irrelevantes. Por isso comecei a falar, e falei até não dizer mais nada. Mesmo assim continuei falando. Mas já estava dito e eu era completamente incapaz de voltar atrás, de dizer que o que saiu da minha boca estava errado. Ou simplesmente não dizer mais nada e apenas desculpar-me. Não fui capaz.
Nada mais me deteria. Mesmo com aquela vontade louca de, simplesmente, abraçá-la fortemente, como se nada ao redor existisse e ela pudesse sentir que nos meus braços ela estaria segura, dizê-la o quanto eu a amo e beijá-la intensamente para mostrar o que realmente estava dentro de mim, nada foi feito. Eu me virei, simplesmente me virei e caminhei. Minutos se tornaram horas até o meu destino, pois eu sabia que, quando eu ouvisse sua voz novamente, algo estaria diferente, fora de seu eixo natural, como a Terra depois de um terremoto de escala máxima, provocado por palavras. A partir de então, um sentimento começou a ganhar a briga dentro de mim: a tristeza. Cruel tristeza! Lembrei-me de seu olhar. Aquele olhar desesperador. Por aquela janela pude ver que a alma dela estava despedaçada, e a rara falta de brilho neles trazia à superfície o estado em que eu a havia deixado. Lembrança aterrorizante.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
PEDINTES. UM RELATO FICTÍCIO, MAS REAL
― Olá, meu nome é José.
Tenho sido perseguido por uma visão. Estou andando pela orla de Copacabana.
Inesperadamente, sou abordado por um homem bem vestido, de terno e sapatos importados, cabelos
bem penteados, com uma mala de couro legítimo em uma das mãos e uma caneca em outra,
pedindo-me dinheiro. Logo à frente, havia um maltrapilho, mal cheiroso, que me
contava sua história, dizendo que chegara àquela situação por negligência e
abandono de sua família, que o rejeitou após ter perdido seu emprego e todos
que passavam em volta o rejeitavam enquanto davam atenção à eloquência e à
imagem do outro. Minha visão se encerra por aí. Cansei de buscar especialistas
para que minha visão fosse interpretada.
― Sua visão, seu
José é simples e sugestiva, pois o mundo é feito de pedintes. Desde a mais
longínqua história, pede-se. Esse ato, porém, não está restrito a quem
necessita. Se desse modo fosse, seria justificável, assim como a imagem de quem
necessita não está sempre diretamente relacionada a um semáforo ou à parte
inferior de uma ponte ou viaduto. O perfil de pedintes no Brasil é tão variado
que, em determinado momento já nem se sabe mais o que se pede, mas é peculiar
que todas as esferas peçam.
Entretanto,
historicamente, o brasileiro foi levado a se satisfazer com qualquer agrado,
enquanto uma parcela goza de regalias e privilégios inerentes ao poder que
exercem. Estes, quanto mais têm, mais querem. Assim caminhou a humanidade
brasileira ao longo dos anos. Com passos de formiga.
Nos últimos anos,
contudo, o brasileiro está aprendendo a driblar por um pouco a manipulação
histórica e um avivamento de movimentos está ocorrendo. Vive-se uma onda de
greves e movimentos reivindicatórios, abordados pela grande mídia (leia-se Rede
Globo, canal 666) de forma distorcida, como se fosse errado ou
vexatório ― coisa de quem não tem o que fazer ― lutar por
seus direitos.
Nesse ínterim, o
piso salarial de deputados e senadores continua subindo ― alguns
dinossauros da política alcançam uma folha salarial de quase 70 mil
reais ― e megaempresas continuam a receber grandes isenções e
estímulos do governo para se estabelecerem cada vez mais e manterem a
exploração das nossas terras e do nosso povo. Enquanto isso, professores e
servidores públicos recebem as piores críticas simplesmente por quererem condições
mais justas e dignas de condições de trabalho, palavra esta com a qual muitos
políticos não são familiarizados. Há algum tempo, foram gastos 30 milhões de
reais para a realização do evento para sorteio dos grupos da Copa do Mundo
enquanto, já sob denúncias de superfaturamento, foram gastos 23 milhões de
reais para a construção do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia
(INTO) no Rio de Janeiro, o qual foi criado para ser referência nacional. Abrimos mão de grande parcela do nosso salário e
devemos considerar um favor do governo uma rua asfaltada ou uma iluminação
pública decente ou um sistema de saúde capaz de atender a todos.
Há outras diversas
denúncias e para todas elas a pergunta é a mesma: Onde estão e para quem são as
prioridades? Há um grande problema de vista em muitos brasileiros, que estão, de
certa forma, pedindo esmola. Mas de quem é a culpa?
terça-feira, 13 de setembro de 2011
PROPÓSITO
Foi-se o tempo
De saber que o que sobra
Neste breve tempo
É nada, é sobra
Até que se descubra
O limiar de seus sentidos
E enfim se descubra
O escondido em um sentido.
Não é tão certo nem tão errado
Nem vivo nem morto
Nem perdido nem achado
O brilho de um rosto
Mas até que este apareça
A busca sempre deve existir
E mesmo em dias de incerteza
O segredo é persistir.
MEDOS E RENASCIMENTOS - UM BREVE RELATO
A vida é feita de escolhas. Dúvidas? Sim, muitas. Quando em um determinado momento de nossas vidas totalmente comuns escolhemos um caminho, devemos ter a convicção de que algo é renegado. Assim minha vida foi conduzida no último ano. O cansaço, as novas atribuições, a falta de tempo me levaram a renegar uma paixão, um prazer que é incrivelmente desvalorizado por outros. O desânimo vem e a certeza de que somos capazes de fazer algo começa a se esvair. Aonde isso pode nos levar? Perguntamo-nos em nosso interior e aquilo que deveria ser relaxante torna-se fatigante. Então, certo dia, em uma espécie de epifania, lembramo-nos daquela sensação de liberdade a que estávamos acostumados e ressuscita em nossas mentes o estado de paz que nos invade quando fazemos o que gostamos independentemente da opinião - ou simplesmente da atenção - alheia. Assim pretendo me conduzir, e como a fênix, estou apto a reviver, com o aprendizado e a certeza de que nunca mais serei o mesmo. Pois isso me leva a viver melhor.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
VIDA. OU O QUE QUER QUE SEJA
Vagarosamente encaro
Um dia a mais
Sinceramente espero
Um dia mais
Quente... ou frio
Em meus medos aquecido
Friamente busco um sentido
Porém A-Luci-Nada-Mente
À mente que despreparada sente
Desesperadamente
Desesperadamente
Hipotermias de morte
E transpirações de vida... e morte
Ao dizer que nem tudo é questão de sorte
Independentemente
Do que realmente seja
Tudo depende do modo que a vemos
Peso pêsames e sofrimentos
Apesares superações e alegrias
Antes que a inesperada
Indesejada e amaldiçoada chegue
Eu me permito permitir
Chorar pular cantar rir brincar amar
Apesar de tudo
Supero meu mundo todo
De mim ou do que me cerca
Das tristezas que sendo fartas
Esvaziam-se por gestos raros
E provas de amor inatas
E não desisto por nada
Pois certeza versus esperança
Em corpo meramente mortal
Só saberemos que acabou
Quando chegar o ponto final.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
SONHANDO ACORDADO
O que acontece quando Id, Ego e Superego se juntam e começam a brigar entre si? Um sonho! Os seus instintos mais primitivos, suas primeiras lembranças se revelam nele. A realidade é desconstruída, nada se parece com nada enquanto tudo se mistura com tudo, nossa imaginação em seu estado mais gracioso ou sombrio aflora. É durante essa eternidade repetitiva de quase dez minutos que suas intenções, seus desejos e medos mais profundos, secretos e inóspitos são visitados. O sonho é a relembrança de suas vontades.
Me ocorreu outro dia, pensando nisso, uma questão: por que quando queremos ou aspiramos algo chamamos de sonho? Passei o dia pensando nisso, em como me calar e voltar a pensar em algo mais palpável, material, mas não pude. A partir daquele momento passei a criar possíveis respostas, pensar em alternativas, a imaginar. Depois de algumas horas, percebi uma coisa. O tempo todo eu estava imaginando, pensando, projetando, construindo. Em nenhum momento paramos de fazer isso, mas durante o sono fazemos sem organização, sem o domínio absoluto do nosso Superego para nos coordenar, nos condenar. Quando dormimos, damos espaço para atuação dos outros seres da nossa mente, antes submersos.
Após ter concluído isso, pensei em outra coisa. Pensei que, talvez, para sermos um pouco mais felizes, deveríamos, mesmo acordados, dar terreno para nossos instintos e imaginação para um mundo melhor. Sermos nós mesmos com nossas convicções sobre... bem... tudo! Por vezes, chamarão o que nós acreditamos de utopia, e, por interesses pessoais, tentarão matar o que defendemos. Dirão que é ruim, que é maléfico, que não dá lucro. Tentarão ser o nosso Superego. A pressão vai sufocar até fazer ceder e mais uma vez o sonho morrerá. Eu sou o Id e o Ego. Eu levanto a bandeira da construção, a bandeira da igualdade, eu sou utópico em meus desejos porque eu acredito em pessoas, cada uma com seus sonhos, com sua história, mas que juntas, podem ser um só para o bem de todos.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
A CERTEZA DO INEXATO
"Se alguém souber dizer o que é o amor, esse alguém não sabe o que é amor". Pensando nessa frase, fui dormir. Dormi questionando como podemos ter tanta convicção de um sentimento que não temos a capacidade de precisar - pois desde a formação da Terra se fala sobre ele, discute-se sobre ele, formam-se definições dele, várias definições, escreve-se sobre ele, canta-se dele - ao mesmo tempo em que temos a certeza de que precisamos dele.
Posso, a partir daqui, ser clichê e piegas como as músicas de Roberto Carlos, ou tentar simplesmente refletir sobre essa sensação tão maravilhosa e arrebatadora. Amar alguém, não só no âmbito sexual, mas demonstrar carinho, respeito, compaixão para com o outro, é o que confere essa maravilha e esse arrebatamento.
Amar é o sentimento mais profundo que conhecemos, por isso após milênios ainda não nos aprofundamos o bastante. É algo tão incerto, metamórfico, que dizer palavras adolescentes numa música feita para venda e audiência em massa não é o suficiente. Amar é muito mais, e sempre mais. É saber que sempre existirá uma razão e sentido para a vida, mesmo quando o mundo estiver ao contrário. É ter certeza de que encontrará naqueles braços o calor necessário para o frio siberiano. É saber que mesmo quando faltam palavras, um gesto pode mudar o destino de um dia, uma semana, um mês, um ano. De uma vida. É ter a certeza do inexato, indefinido e inconcluso apenas porque você se sente seguro. Tudo por causa dequeles braços, daquele abraço. É uma tempestade num dia ensolarado enquanto calmaria num mar agitado.
Passaremos os próximos anos, até o fim do mundo, tentando defini-lo, pois não temos respostas científicas para ele, só conhecemos os seus efeitos, e, enquanto sentimento for, como sentimento o cultivaremos e continuaremos em busca da frase perfeita, do poema ideal, da música que faz chorar, mas ainda choraremos daqui a centenas de milhões de anos, porque, sendo inexato, de diferentes maneiras se apresenta e de diversos modos o conhecemos. Por isso ele é tão rico e, graças a Deus, por isso nunca saberemos o que o amor realmente é. O que importa é o que ele representa para cada um.
"Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar..."
(O Meu Olhar - Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)
O que o amor representa para você?
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
NO SINAL
Lá estava o meu carro. Parado. Os limões subiam e desciam, giravam, rodopiavam, alguns com certa habilidade, precisão, e outros com um tanto de dificuldade, como que em aprendizado, como se não soubessem aonde ir. Não sabiam mesmo. Já não sabem também o que fazer para atraírem atenção. Dia e noite passam e os sinais vermelhos não se esverdeiam. A transparência dos vidros fechados reflete os corações opacos daqueles que vêm e vão, por vezes mais perdidos que os próprios limões. Estes estão sozinhos e, apesar de seus esforços, continuam se deparando com faróis, lanternas, luz interna e painéis que não param de piscar a luz vermelha. Mesmo assim continuam no sinal. Inconveniência, abuso, costume ou último recurso? De quem será a culpa? Até os vidros poderosos estão fechados. Na verdade, estão blindados.
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