quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A CERTEZA DO INEXATO

"Se alguém souber dizer o que é o amor, esse alguém não sabe o que é amor". Pensando nessa frase, fui dormir. Dormi questionando como podemos ter tanta convicção de um sentimento que não temos a capacidade de precisar - pois desde a formação da Terra se fala sobre ele, discute-se sobre ele, formam-se definições dele, várias definições, escreve-se sobre ele, canta-se dele - ao mesmo tempo em que temos a certeza de que precisamos dele.

Posso, a partir daqui, ser clichê e piegas como as músicas de Roberto Carlos, ou tentar simplesmente refletir sobre essa sensação tão maravilhosa e arrebatadora. Amar alguém, não só no âmbito sexual, mas demonstrar carinho, respeito, compaixão para com o outro, é o que confere essa maravilha e esse arrebatamento.

Amar é o sentimento mais profundo que conhecemos, por isso após milênios ainda não nos aprofundamos o bastante. É algo tão incerto, metamórfico, que dizer palavras adolescentes numa música feita para venda e audiência em massa não é o suficiente. Amar é muito mais, e sempre mais. É saber que sempre existirá uma razão e sentido para a vida, mesmo quando o mundo estiver ao contrário. É ter certeza de que encontrará naqueles braços o calor necessário para o frio siberiano. É saber que mesmo quando faltam palavras, um gesto pode mudar o destino de um dia, uma semana, um mês, um ano. De uma vida. É ter a certeza do inexato, indefinido e inconcluso apenas porque você se sente seguro. Tudo por causa dequeles braços, daquele abraço. É uma tempestade num dia ensolarado enquanto calmaria num mar agitado.

Passaremos os próximos anos, até o fim do mundo, tentando defini-lo, pois não temos respostas científicas para ele, só conhecemos os seus efeitos, e, enquanto sentimento for, como sentimento o cultivaremos e continuaremos em busca da frase perfeita, do poema ideal, da música que faz chorar, mas ainda choraremos daqui a centenas de milhões de anos, porque, sendo inexato, de diferentes maneiras se apresenta e de diversos modos o conhecemos. Por isso ele é tão rico e, graças a Deus, por isso nunca saberemos o que o amor realmente é. O que importa é o que ele representa para cada um.

"Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar..."
(O Meu Olhar - Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)

O que o amor representa para você?

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