quinta-feira, 16 de setembro de 2010

NO SINAL

Lá estava o meu carro. Parado. Os limões subiam e desciam, giravam, rodopiavam, alguns com certa habilidade, precisão, e outros com um tanto de dificuldade, como que em aprendizado, como se não soubessem aonde ir. Não sabiam mesmo. Já não sabem também o que fazer para atraírem atenção. Dia e noite passam e os sinais vermelhos não se esverdeiam. A transparência dos vidros fechados reflete os corações opacos daqueles que vêm e vão, por vezes mais perdidos que os próprios limões. Estes estão sozinhos e, apesar de seus esforços, continuam se deparando com faróis, lanternas, luz interna e painéis que não param de piscar a luz vermelha. Mesmo assim continuam no sinal. Inconveniência, abuso, costume ou último recurso? De quem será a culpa? Até os vidros poderosos estão fechados. Na verdade, estão blindados.

Um comentário:

  1. Haha...Enfim, ele voltou! Estava no aguardo.Como te disse várias vezes.E, voltou com tudo. Texto simples, profundo, sincero e extremamente realista. Você tem um talento.Devia lançar um livro. Para muitas pessoas "os limões" são simplesmente invisiveis, ignorados. Fruto de autoridades que não tomam atitudes. Será mesmo? Ou será culpa de todos? Fica a ideia.
    Dani

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