sábado, 26 de setembro de 2009

MONOTONIA

Hoje é um daqueles dias. Sento-me em frente ao computador com uma vontade enorme de escrever, mas sem idéias, sem tempo e sem dominar as novas regras ortográficas. Reforminha besta essa! Não poderia vir em momento pior. Logo quando eu resolvi ter um blog! Eu gosto do trema, tenho um carinho especial por ele. Pena não poder falar-lhes - pois seria melhor demonstrar falando - que há uma diferença discrepante entre lingüiça e linguiça. Linguiça é feio (sem querer fazer qualquer tipo de trocadilho). Estréia fica horrível sem acento. E como as pessoas viajarão se não há mais acento em vôo? (Agora sim o  trocadilho).  Mudanças causam-me extrema repulsão. Sou desordenadamente metódico. E quando as coisas mudam demandam tempo, esforço. Sou do tipo que não gosta do esforço gratuito. Canalizo todas as minhas forças no que considero importante, primordial. Reaprender o português será primordial em 2012, quando o novo acordo ortográfico será obrigatório. Até lá eu continuarei usando o trema em lingüiça, o acento em estréia, em vôo, etc. É como meu avô sempre dizia: "Por que fazer hoje o que se pode deixar para amanhã?". Mentira. Meu avô não dizia isso não, quem diz sou eu. 

Meu avô era como a maioria dos brasileiros: trabalhador, dedicado, honesto. Tudo bem, concordo. A última característica não é tão da maioria dos brasileiros assim. Mas meu avô era. O brasileiro é malandro, já por natureza. Porém, há alguns que se dão bem com a malandragem. Titio Sarney Bigode de Bode está aí para provar. Acho que nunca encontrarei alguém tão malandro quanto ele. A malandragem do meu avô era pura. Meu avô era puro. E não conhecia a nova reforma ortográfica. Nem sabia escrever direito, coitado. Mas isso não o fez ser pior. Muio pelo contrário. Ele sabia que a família é a coisa mais importante do mundo e por isso se esforçou para cuidar da minha mãe e dos outros cinco filhos. Essa herança percorreu incólume as gerações seguintes e hoje sei que a minha família é o que há de mais importante no mundo. Mas quanto a isso não podemos nem reclamar de Sarney Bigode de Lontra, pois ele gosta da família dele. E como gosta!

Todas essas coisas me fazem refletir se, em meio a esse mundo lúgubre, as pessoas ainda sabem valorizar o que realmente é importante. Será que sabem o que realmente é importante? Na selva urbana em que vivemos, ganha as lutas quem tem, e não quem é. Os poderosos tentam interromper as primaveras, distrair o povo com assistencialismos quando deveriam conceder igualdade. Fazem reformas ortográficas quando deveriam reformar o ensino. Muitos alunos do ensino público chegam ao ensino médio sendo semi-analfabetos. Será que saberão distinguir a diferença entre estreia e estréia? Será que os jovens necessitados de recorrer aos órgãos públicos descobrirão o caminho oposto ao da malandragem? Será que eles têm em quem se espelhar, ou só enxergam a prosperidade nos caminhos tortuosos da desonestidade? Quem é o exemplo dessa geração? Sarney Bigode de Camelo? Quando a malandragem será punida? Quando as reformas serão realmente relevantes? Estamos perdidos ou essa é apenas uma transição? Quando...? Quem...? O que...?  Pergunta não falta. Somos um povo carente de respostas e sedento por ações. Atitudes há, porém os beneficiados não mudam. A esse tipo de mudança não sou relutante e luto sim por melhorias, pois isso é algo que não se pode deixar para amanhã.
              

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