terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O VERDADEIRO ESPÍRITO NATALINO

O mundo, talvez em alusão metafórica aos seus constantes movimentos, permite-se aflorar a sua dinamicidade. Ele está em perpétua mudança, como se tivesse vida própria, assim como as relações sociais observadas no dia-a-dia. Pessoas debatem, discutem, dialogam, brigam, tentam durante todo o tempo impor suas opiniões e forçar em outrem a aceitação de suas ideologias. Porém, todo esse processo sofre uma pausa quando o tão aguardado Natal se aproxima. Ah! o Natal! Momento sublime de carinho, afeição e amor de um ser humano para com o outro. Momento de reflexão, de se ajudar criancinhas que passam fome e moram na rua. Momento de se celebrar um marco histórico: o nascimento de Jesus Cristo. Em tese.  

Essa data tão especial chega acompanhada de uma característica muito marcante da humanidade: a falta de responsabilidade. O homem não se responsabiliza pela fome no mundo, ou pelo esgotamento de recursos naturais, ou pela violência desenfreada, ou pela desigualdade social. Nós temos a terrível e insalubre mania de não assumirmos culpa por nossos atos, pois agimos sem critérios ou escrúpulos quando o nosso interesse está em jogo e o nosso ego está à prova.

Foi exatamente isso que eu vi nesse Natal, pessoas comemorando de um jeito muito estranho o nascimento daquele que dividiria a história. Bêbados passeando pelas ruas, dirigindo. Homens e mulheres discutindo e se xingando mutuamente. Nem mesmo o tão comentado espírito natalino é capaz de superar o egoísmo humano. Aliás, supera até o momento em que alguma coisa foge do script, produzido de acordo com os interesses de cada um. Onde está o amor ensinado pelo aniversariante? Resume-se a um breve momento de reflexão - que dificilmente se concretiza em mudanças de posturas e atitudes - e troca de presentes que só servem para movimentar a máquina de poder e dinheiro chamada capitalismo. Não creio que seja essa a melhor maneira de se comemorar o aniversário do ser mais bondoso, amoroso e altruísta que já existiu.

Jesus sequer nasceu nesse período do ano, conforme apontam alguns relatos históricos. Segundo esses relatos, Ele teria nascido no período mais quente do ano em Belém, que seria de Julho a Setembro no nosso calendário. A atual data de comemoração (vinte e cinco de Dezembro) teria sido imposta pela Igreja com o objetivo de adaptação a uma festividade pagã existente nesse período do ano, visando uma lucratividade maior com a junção de duas culturas numa mesma celebração: o nascimento de Jesus com a existência do Papai Noel, a troca de presentes, etc.. Assim, praticantes de várias religiões poderiam gerar lucros ao mesmo tempo para o Estado, o que significava, à época, mais riqueza para a Igreja.

Infelizmente, a história desse planeta é feita, em boa parte, pela defesa de interesses em benefício dos poderosos. Ao invés de distribuírem-se alimentos num dia do ano, faça-se uma reforma estrutural da sociedade. Assim, os que são vítimas da fome no mundo - cerca de um bilhão de habitantes - deixariam de sofrer. Dados da ONU comprovam que uma fusão das economias dos países ricos e emergentes sanaria esse problema. Só o dinheiro gasto na guerra do Iraque já seria suficiente.

Enfim, o que eu vejo no Natal é uma oportunidade de redenção. Independentemente de datas ou fatos históricos, torço pela perpetuação de um sentimento mais humanitário, que dure o ano todo. Torço pela conscientização do seu verdadeiro sentido: o surgimento Daquele que veio para mudar o rumo do planeta e da vida de quem assim o quiser. Torço para que se siga o exemplo Dele de amor, sem a relevância de religiões, crenças ou opiniões. Torço por uma humanidade mais justa, menos desigual. Torço pela conservação da vida.

E você?

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