quarta-feira, 21 de outubro de 2009

FELIZ CIDADE

Ultimamente, muitas indagações embaraçosas de ordem filosófica têm preenchido meus pensamentos. Ontem me ocorreu o seguinte: “o que é a felicidade?”. Pensamentos sem-vergonhas os meus! Como responder a isso? Recorri ao “pai dos inteligentes”, o Aurélio. Há três definições lá. Se nem o dicionário soube ter exatidão ao definir algo, quem sou eu para fazê-lo? Cheguei a uma conclusão simples, imaginável e até meio óbvia. A felicidade é indefinível e incomensurável até o momento em que a vivenciamos e cada um a vivencia de maneiras distintas, dependendo das suas realidades, ambições e expectativas.

Depois de formulada minha conclusão, comecei a refletir sobre a minha realidade, minhas ambições e minhas expectativas. Cheguei a uma outra conclusão: esses três aspectos são frutos do desfecho deles mesmos em épocas passadas. Comecei a lembrar-me então da minha infância. Naquele tempo, sim, era-se “feliz”. A minha realidade era uma eterna e infinda imaginação. Minha ambição era conseguir o máximo de bolas de gude que pudesse. Minha expectativa era que mamãe me deixasse uma hora a mais na minha brincadeira eternal. Hoje minha realidade é mais dura. Minhas ambições são mais árduas. Minhas expectativas parecem mais impossíveis.

Quando me deparo com a realidade em que vivo, lembro-me de uma das definições do Aurélio para felicidade: “bom êxito; êxito, sucesso”. Nesse momento eu me pergunto: “êxito em quê? E o que é sucesso?”. A vida é composta por tantas lutas e desafios - e temos tantos fracassos – que se torna difícil dizer que a felicidade é um estado permanente. Ela é apenas uma premiação sentimental intrapessoal. Um indivíduo se premia de alegria quando obtém êxito ou sucesso em suas investidas. Por isso, mais uma vez eu digo que era “feliz” na minha infância. Sempre quando eu era um pirata eu tinha êxito na minha missão. Quando eu era policial, nenhum bandido era páreo para mim. Quando eu era político, eu virava presidente muito rápido, acabava com toda a miséria e a pobreza, fazia reforma agrária, distribuía a renda e todos gostavam de mim. É perceptível que vivemos de um modo bem diferente de quando eu era uma criança se divertindo na cidade de Nova Iguaçu.

A política hoje é um pouco mais complicada do que uma brincadeira de criança. Conquanto ainda haja dinossauros no poder – e, para ele a política é uma brincadeira, pois faz os cidadãos de palhaços – fazer política é muito mais do que fazer dinheiro e construir imagem. Será que ele é feliz? Ora, está desde 1954 iserido na esfera política, já foi presidente e hoje é um senador presidente da câmara rico, com sua família muito bem empregada. Pode-se dizer que ele obteve êxito e que suas ambições e expectativas foram alcançadas, não importa a que custo. É exatamente esse o problema – não só dos políticos como de boa parte da população. Eu me pergunto se ele, bem como vários outros políticos, pode deitar-se à noite tranqüilo pelo dever cumprido daqueles que se dizem “pelo povo”. Questiono se realmente realizam o exercício pleno de sua função, que é trabalhar pelo bem-estar e interesse geral da população. O verdadeiro êxito e sucesso de um ser estão na satisfação do dever cumprido, do trabalho bem feito e não no crescimento pessoal da conta bancária e do prestígio social independente de quem se prejudique.

No Brasil, muita gente se prejudica por causa de algumas atitudes governamentais. Tenha-se em vista os números absurdos de miséria e fome que há em nosso país. Deixe, por um momento, sua ideologia de direita, esquerda, neoliberal, socialista, etc. de lado e julgue simplesmente se é justo uns terem tantas terras, tanto dinheiro, tanta comida para a família e para o poodle do apartamento enquanto há muitos que sobrevivem sem ter onde morar ou o que comer. É justa a “felicidade” à custa da tristeza de muitos outros?

Num mundo tão injusto e de constante degradação da espécie humana, creio que, fora o argumento dos religiosos (o mais coerente), não existe felicidade plena. Gostaria de voltar no tempo e resgatar a alegria de viver, esquecida naquela feliz cidade da minha infância, presente em algum lugar dentro de mim mesmo (e cada um tem a sua). É essa impossibilidade que faz a minha cidade ser como Atlântida, afundada pelas águas de egoísmo e pessimismo engendrados na sociedade.

3 comentários:

  1. Sempre falando de política! haha
    E eu disse que você escrevia bem. :)

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  2. 10000000000 amei esse texto, super realista... amigo vai firar escritor daki a poko em! Tá d+ nisso!
    bjão

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  3. psiu.... ficou bom...inteligente...rico...claro...porém...mto repetitivo.... mas... isso n afetará sua fama quando vc morrer, rs.... bjjjjssssssssss!!!! Anaaa Carolina

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